Mal-estar atingiu 9% dos velejadores em evento-teste para a Rio-2016
O evento-teste de vela para a Olimpíada de 2016, em agosto, registrou 43 casos de mal-estar em atletas, treinadores e juízes. Apenas entre os velejadores, a taxa foi de quase 9%, segundo a comissão médica da Isaf (federação internacional de vela).
A entidade monitorou casos de diarreia e problemas estomacais durante e após a competição. O objetivo era avaliar os riscos reais de uma competição nas águas poluídas da baía de Guanabara.
Na avaliação do médico croata Nebojsa Nikolic, membro da comissão, o resultado apresentou uma taxa "dentro de níveis aceitáveis".
"As taxas de casos de diarreia em viajantes variam de 30% a 70%, dependendo do destino e temporada da viagem. Países em desenvolvimento da América do Sul estão entre os que têm as taxas mais altas", afirmou Nikolic.
A poluição da baía é o principal alvo de críticas da Rio-2016. Pouco antes do evento-teste de vela, reportagem da Associated Press mostrou níveis elevados de vírus nos locais de competição.
A comissão médica da Isaf diz que 29 velejadores apresentaram diarreia ou outros problemas estomacais.
Segundo Nikolic, seis desses casos podem ser desconsiderados para análise da baía. Os atletas foram juntos a uma partida do Maracanã, comeram a mesma comida, e tiveram os mesmos sintomas em sequência. Excluído este grupo, a taxa entre velejadores cai para 7% –de um total de 326 competidores.
"Comparando esses resultados com as taxas esperadas para viajantes em geral indo para o Brasil, podemos concluir que estão dentro de níveis aceitáveis ou mesmo abaixo do esperado", disse o médico croata.
Entre os atletas que tiveram problemas está o sul-coreano Wonwoo Cho, da classe RSX, que apresentou febre, diarreia e desidratação. O técnico do atleta, Danny Ok, atribuiu o caso às águas da baía.
Além dos 29 atletas, dez juízes e técnicos que tiveram contato com a água apresentaram algum problema estomacal. Outros quatro membros de delegação com sintomas semelhantes não tiveram contato com as águas da baía.
PREVENÇÃO
O estudo da Isaf pretende agora avaliar o comportamento dos que apresentaram mal-estar para melhorar a prevenção. Segundo Nikolic, alguns casos ocorreram com delegações que não adotaram medidas profiláticas.
Apesar da polêmica, equipes do mundo todo treinam na baía de Guanabara há três anos. O médico da equipe britânica Paul Mullan afirmou que seus atletas contraíram menos doenças no Rio de Janeiro do que na Europa.
A confiança na balneabilidade da água é tanta que membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) afirmaram que vão mergulhar na baía após os Jogos.
O evento-teste, contudo, não transcorreu sem problemas. O lixo flutuante provocou capotagem da embarcação dos velejadores brasileiros Isabel Swann e Samuel Albrecht. A sujeira também exigiu a mudança de raias de competições.
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