Dupla da seleção é acusada de abuso sexual no Pan-Americano de Toronto
Reprodução/Twitter/TPSSexCrimes | ||
Polícia de Toronto, no Canadá, procura dupla da seleção brasileira no Pan |
A polícia de Toronto, no Canadá, anunciou nesta quinta-feira (29) que está à procura dos jogadores Lucas Piazon, ex-São Paulo, e Andrey, goleiro do Botafogo-SP, por crime de abuso sexual.
Os dois atletas defenderam a seleção brasileira de futebol nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho, quando conquistaram a medalha de bronze.
"No sábado, dia 25 de julho de 2015, uma mulher de 21 anos e uma amiga conheceram dois homens em uma casa noturna na cidade de Toronto. Os dois acompanharam as mulheres até a casa de uma delas. Uma vez dentro da casa, os dois homens abusaram sexualmente de uma delas", diz o comunicado da Polícia de Toronto.
"Esses dois homens foram identificados e mandados de busca foram emitidos para Lucas Domingues Piazon, 21, e Andrey da Silva Ventura, 22. Ambos estão sendo procurados acusados de abuso sexual", afirma.
Apesar de serem enquadrados na mesma infração, os mandados foram distintos: Ventura teve um dito "Canadá amplo", ou seja, válido para todo o território canadense. Será iniciado processo de extradição para levá-lo ao país. Já o do ex-são-paulino é restrito à província de Ontario. A decisão sobre a abrangência de cada mandado foi tomada pela Justiça.
Segundo a detetive Joanne Rudnick afirmou à Folha, a queixa foi feita pelas duas mulheres no dia seguinte à ocorrência. O motivo da demora para a divulgação pública se deu porque o caso correu em sigilo e houve consultas com a Procuradoria-Geral de Ontario (província onde fica Toronto).
Ainda de acordo com Joanne, o consulado brasileiro em Toronto já foi comunicado sobre o caso. Segundo a detetive, "a pena [caso sejam detidos] pode variar dependendo do número de fatores".
Piazon foi revelado pelo São Paulo e já teve passagens por Chelsea, Málaga, Vitesse e Eintracht Frankfurt. Atualmente, joga pelo Reading, da Inglaterra.
Andrey, por sua vez, começou a sua carreira no Botafogo do Rio e se transferiu para o Botafogo-SP neste ano.
O Reading afirmou que, no momento, não vai se manifestar sobre o assunto.
Procurada, a CBF disse que os dois jogadores já estavam liberados, fora do regime de concentração.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil), por meio de nota, afirmou que "não recebeu qualquer notificação da polícia canadense e nenhuma informação sobre o caso". A entidade aguarda os fatos serem apurados e esclarecidos pelas autoridades.
OUTRO LADO
A assessoria de imprensa de Piazon disse que o jogador, que está na Inglaterra com a família neste momento, "nega de forma veemente o que está sendo divulgado pela imprensa canadense". Além disso, afirmou que "o atleta não foi notificado formalmente e está tomando conhecimento do caso para adotar as medidas cabíveis".
Por determinação do departamento jurídico, Andrey, 22, e o Botafogo de Ribeirão Preto não vão comentar as denúncias de suposto abuso sexual a uma jovem canadense.
Segundo o Botafogo, o jogador não recebeu nenhuma notificação oficial sobre a denúncia e ele aguarda que isso ocorra para se pronunciar.
O clube também informou aguardar manifestação da CBF, já que o atleta estava representando a seleção quando o suposto abuso teria ocorrido. Andrey integrou a seleção que conquistou medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto.
Revelado pelo Botafogo carioca, o goleiro chegou ao homônimo do interior paulista no início deste ano, para a disputa do Campeonato Paulista.
O contrato do atleta é considerado longo para times do interior: vence só em 30 de abril de 2018. O clube apostou que ele poderia se destacar, por ter sido convocado, desde o ano passado, para seleções de base.
O goleiro tem, ainda, a expectativa de ser lembrado para a disputa dos Jogos Olímpicos, embora não tenha sido chamado para as últimas convocações nem seja titular no clube de Ribeirão.
OUTRO CASO
Este não é o primeiro caso de abuso sexual envolvendo um brasileiro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. O goleiro Thyê Mattos, da seleção brasileira de polo aquático, também foi acusado do mesmo crime. Como ele já havia saído do Canadá quando foi feita a acusação, Thyê não foi ouvido e não se apresentou à polícia.
Segundo Joanne Rudnick, a Polícia de Toronto continuou a investigar todas as pistas no caso do goleiro, e inclusive falou com algumas das partes envolvidas e a Procuradoria-Geral de Ontario. "Também tenho mantido contato com autoridades brasileiras, que têm sido solícitas", contou.
Thyê está no Brasil e não pode ser extraditado para o Canadá porque o país não extradita brasileiros. O advogado Marcelo Franklin, encarregado de sua defesa, informou que não está autorizado a dar qualquer informação sobre o caso.
Franklin contou à Folha que foi procurado pelo representante de um dos jogadores de futebol acusados nesta quinta. "Acho a situação extremamente absurda, que três meses depois do Pan algo venha à tona", afirmou.
Ele deve se reunir com o representante nesta sexta-feira (30) para definir se aceita defender o atleta.
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