Entidades criticam demissão de número 2 do Ministério do Esporte
Sérgio Lima - 28.jan.2015/Folhapress | ||
Ricardo Leyser exercia o cargo de secretário-executivo do Ministério do Esporte |
A saída da principal conexão entre governo federal e a organização dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 surpreendeu o esporte nacional nesta terça-feira (17). Surpreendeu inclusive Ricardo Leyser, que soube pela manhã que fora exonerado do cargo de secretário-executivo do Ministério do Esporte após a publicação no "Diário Oficial" da União.
A decisão foi assinada pela presidente Dilma Rousseff na sexta (13). Sem estar ciente da medida, Leyser acompanhou o ministro George Hilton no GP Brasil de F-1, em São Paulo, no domingo (15). Procurado pela Folha, Leyser não comentou a sua demissão até o momento.
No mesmo decreto, foi nomeado Marcos Jorge de Lima, 36, como novo secretário-executivo. Lima pertence ao PRB, mesmo partido de Hilton.
Leyser, que é ligado a um outro partido, o PCdoB, liderava diversos projetos olímpicos, inclusive os ligados a outras pastas. Ações importantes para a Rio-2016, como o Bolsa Pódio, estavam sob sua batuta —ele exerceu várias funções no ministério desde que ingressou em 2003.
A saída do dirigente causou apreensão e críticas entre confederações. "Mudanças em posições estratégicas, agora, não sei como podem ajudar", disse Ricardo de Moura, diretor-executivo da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Ele disse que teve reunião com Leyser na semana passada, em Brasília, em vão.
"Evidentemente que a saída de uma pessoa de uma área tão estratégica deixa um vazio", afirmou Paulo Wanderley, presidente da Confederação Brasileira de Judô.
José Antonio Martins Fernandes, chefe da confederação de atletismo, se disse surpreso, mas crê em uma sequência. "Acredito que o ministério vai dar continuidade a esse projeto".
Se Leyser era reconhecido como líder na pasta em relação à organização para os Jogos do Rio a menos de nove meses do início do megaevento, seu substituto não tem nenhuma experiência na área.
Lima foi superintendente federal da Pesca e Aquicultura em Roraima, onde fez carreira política. Em 2010, foi candidato a deputado federal pelo PRB, mas não foi eleito. Administrador de empresas, ele era secretário estadual de Cultura em Roraima, onde preside o partido.
Os comitês olímpico e paraolímpico do Brasil manifestaram-se em notas enviadas à Folha. O COB lamentou a saída de Leyser e desejou que o substituto "mantenha o mesmo relacionamento positivo e produtivo, sobretudo na preparação do Time Brasil".
O CPB reconheceu o trabalho realizado pelo ex-secretário e desejou sucesso a Lima.
Outras figuras importantes na organização deixaram cargos recentemente, como o general Fernando Azevedo e Silva (ex-Autoridade Pública Olímpica) e Maria Sílvia Bastos Marques (ex-Empresa Olímpica Municipal).
Procurado, o Ministério do Esporte não respondeu à reportagem.
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