Na quadra da Mancha Alviverde, famílias fazem a festa com o título
Reginaldo Pereira, 43, palmeirense, não foi ao estádio por opção própria. "Estou muito pé frio", explicou. E a superstição deu certo.
Os quase 40 mil torcedores que compareceram ao Allianz Parque não foram os únicos a empurrar o time do Palmeiras para o título da Copa do Brasil, conquistado nesta quarta (2). A 1,5 km dali, palmeirenses lotaram a quadra da Mancha Alviverde e empurraram o time à distância.
Entre os presentes, muitas famílias e crianças. Fabrício Arkemy assistiu ao jogo de camarote. Com apenas 10 meses de idade, foi acompanhado de mãe, avós, tio e primo e viu um título do Palmeiras pela primeira vez do conforto de um carrinho de bebê.
"A gente sempre vem", disse Tauane Arkemy, 20, a mãe, que já havia trazido o filho na primeira partida e garantia que o garoto traria sorte.
As mulheres também marcaram forte presença na sede da torcida palmeirense. Daniela Souza, 32, a Tia Dana da Mancha, liderava a cantoria de um grupo de nove moças. "A gente estava na [rua] Turiassú, mas lá estava tipo uma zona de guerra, com muita bomba e fogos. Decidimos vir para cá", disse.
Meia hora antes da partida começar, a bateria começou a animar a festa e os gritos de "Olê, Porco" começaram. Proibidos nos estádios, os bandeirões com mastro tremulavam e, confiantes, os palmeirenses anteviam o melhor. "Seremos campeões", entoavam os torcedores.
O barulho já era ensurdecedor, mas aumentou quando, em menos de 15 segundos, Gabriel Jesus quase abriu o placar. Era o combustível que a torcida precisava para cantar a noite toda.
Aos 7 min do primeiro tempo, o chute de Victor Ferraz, lateral direito do Santos, na trave, assustou os palmeirenses e, com o jogo equilibrado a tensão aumentava. "Durante o jogo está assim, se for pros pênaltis pode chamar o Samu", brincou o motorista Fabiano Gryllo, 30.
O receio de Gryllo se concretizou, quando, após quase ter o título garantido com um 2 a 0, Ricardo Oliveira diminuiu para o Santos e levou a decisão para os pênaltis.
O clima ficou mais pesado e os torcedores se abraçaram e fizeram uma corrente para mandar forças à equipe. O nome de Fernando Prass foi gritado à exaustão antes e depois da disputa.
Herói da noite, o goleiro não só pegou um dos pênaltis como balançou as redes para dar fim à decisão. O goleiro poupou o coração dos cardíacos palmeirenses e garantiu a festa alviverde.
Choro, festa e alívio. Noite de glória para o torcedor palmeirense.
NA RUA
Virou Réveillon verde na rua Palestra Itália, a antiga Turiassu à frente do estádio palmeirense.
Os torcedores aproveitam para tirar sarro de todos os rivais. A maioria dos gritos são contra o Santos ("lugar de peixe é dentro do aquário", gritam).
Mas também sobre para o São Paulo "único sem título em 2015". E até para o Corinthians, que já projeta derrotar na semifinal da Libertadores.
O principal alvo dos palmeirenses é o atacante santista Ricardo Oliveira. Vários imitam sua cara de triste, ironizando o goleiro Prass na Vila, e gritam "chupa, pastor".
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