Organização da São Silvestre elimina corredor de 56 anos que havia sido 22º
Protagonista de um resultado incomum, José Aparecido Gonçalves foi desclassificado da São Silvestre, realizada na última quinta-feira (31).
Gonçalves terminou a tradicional prova paulistana de 15 km na 22ª posição, com a marca de 48min42s. Seria um desempenho notável não fosse um detalhe: a idade do corredor, que estava inscrito pela equipe Porta da Esperança Loterias.
Ele tem 56 anos. São 27 anos a mais do que o vencedor da São Silvestre, o queniano Stanley Biwott, que completou o percurso em 44min31s. O melhor brasileiro na prova, Giovani dos Santos (5º com 44min58s), tem 34.
A disparidade entre idade e performance fez com que a organização da São Silvestre questionasse o resultado e o tirasse da classificação na noite desta segunda-feira (4). Sobretudo porque, na edição de 2014, Gonçalves foi apenas o 3.809º colocado, com a marca de 1h24min46s. Em um ano, ele teve 36 minutos de melhora.
"Não há como 'enganar' a tecnologia. Temos quatro 'tapetes' [equipamentos eletrônicos] que indicam se ele passou por todos os pontos do percurso'', disse Julio Deodoro, da Fundação Cásper Líbero e diretor-geral da prova, ao blog de Eduardo Ohata no UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha.
"Trabalhamos com um consultor que há mais de 20 anos está na Confederação Brasileira de Atletismo que já havia cantado a bola de que esse resultado era muito suspeito. Era só uma questão de tempo até confirmar", prosseguiu Deodoro.
O resultado final da prova foi atualizado. Agora, o etíope Hailu Beyecha Dibaba, 23, aparece em 22º lugar. Ele completou o percurso em 48min33s.
NEGAÇÃO
À Folha, Gonçalves negou ter trapaceado. "Fui eu mesmo. Não houve furo, cumpri todo o trajeto. Achei até que poderia ter ido melhor", disse.
Ele nem ao menos largou no pelotão de elite, reservado aos atletas cujos tempos de entrada são mais fortes em nível internacional.
Ainda assim, defendeu sua colocação e afirmou não temer ser desclassificado. "Pode olhar as imagens, não furei nada."
O corredor contou que treina e participa de provas de rua há dez anos, e que esta foi a segunda vez que participou da São Silvestre.
Ele e outros amigos tocam a equipe Porta da Esperança Loterias, estabelecimento onde trabalha, que é baseada em São Joaquim de Bicas, no Estado de Minas Gerais.
"A prefeitura nos dá uma ajuda de custo e condução para irmos a provas. Mas é mais uma ação entre amigos. Treino todos os dias, mas sem período definido. Não me prendo a relógio. Gosto de fazer corrida e caminhada."
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