Campeonato Paulista tem 39% dos jogos com prejuízo para os clubes
Maurício Rummens - 1º.mar.2016/Fotoarena/Folhapress | ||
Jogadores do São Paulo se reúnem antes de jogo contra o Mogi Mirim, no Pacaembu |
Depois de oito rodadas do Campeonato Paulista, o saldo para os clubes é insatisfatório. Pelo menos do ponto de vista financeiro.
Dos 80 jogos disputados até o momento, 31 tiveram uma renda líquida negativa para o time da casa. Ou seja, os times gastam mais do que arrecadam.
Entre os 20 clubes que disputam o Paulista, 14 agremiações já tiveram ao menos um jogo como mandante com renda deficitária.
Desses 14, cinco têm prejuízo na somatória de todas suas partidas até agora. O que mais chama a atenção é o São Paulo. A lista inclui ainda Mogi Mirim, Capivariano, Rio Claro e Ponte Preta.
No caso do São Paulo, foram cinco jogos no Pacaembu e um prejuízo de R$ 78.363.
Segundo a assessoria do clube, os custos fixos aumentam muito quando o time não joga no Morumbi. O gramado do estádio do tricolor está sendo reformado.
"Além do aluguel, o clube precisa arcar com itens como gerador, barracas, bilheteria móvel. A matemática é simples: muito mais gastos e pouca gente no estádio", diz a assessoria do clube.
Mas não se pode desprezar a falta de entusiasmo da torcida com o time de Bauza. O jogo do São Paulo contra o Mogi Mirim, no Pacaembu, recebeu só 3.013 torcedores.
A arrecadação de um clube não se resume à renda dos jogos. Venda de direitos para a TV e patrocínios são relevantes para fechar as contas.
Mas a bilheteria é um dos itens essenciais para a estabilidade financeira do clube.
DESPESAS ALTAS
Segundo o presidente do Rio Claro, Luiz Balbo, o baixo público explica os resultados financeiros negativos apenas parcialmente.
Segundo ele, as despesas cobradas pela FPF (Federação Paulista de Futebol) pesam muito. Em um jogo, cada clube deve pagar 5% da renda bruta para a entidade, além de custos como antidoping, fiscais e policiamento.
Balbo crê que essa renda seria importante para investir na essência dos pequenos clubes: formar jogadores.
"Faz uma conta: em 15 jogos, gastando 15 mil, em média, quantos meninos eu conseguiria colocar para estudar, comer, dar uma estrutura boa? O que isso pode trazer de resultados?", diz.
Para Marcos de Souza, responsável pela logística do São Bento, a FPF poderia ajudar os times menores com as despesas mais altas.
"Há custos operacionais no jogo que são cobrados pela própria federação, como o valor que a gente recolhe para a PM trabalhar aqui. A federação poderia entrar forte nesses quesitos, que são os que mais pesam", afirma.
Segundo Souza, a renda nas partidas são valiosas para fechar as contas, e o que salvou o clube até agora foi o jogo contra o Corinthians.
"Foram mais de 8.000 pessoas. Conseguimos tirar o prejuízo dos outros jogos."
SOBREVIVÊNCIA
Apesar das reclamações, os clubes elogiam algumas iniciativas da federação. Uma delas é a diminuição do número de equipes na Série A1. Neste ano seis caem, e só dois sobem reduzindo o número para 16.
"Eles [a FPF] se preocupam porque na sobrevivência dos clubes está a sobrevivência da Federação", diz Celso Ferreira, diretor do Capivariano.
Questionada a respeito do pouco público e da baixa renda decorrente, a FPF afirma que "tem trabalhado para fomentar o futebol junto aos clubes filiados, sobretudo aqueles do interior do Estado, por meio de novas ações e incrementos e premiações e cotas".
As medidas incluem aumento de 53% na premiação aos clubes (de R$ 6,4 milhões para R$ 9,8 milhões), repartidos entre os times que não caírem, de acordo com suas colocações, e o aumento de 18% nas cotas de TV, também por desempenho, mas com critérios diferentes.
Para tentar aumentar o público, a FPF subsidia a compra de ingressos para clubes que aderirem a uma campanha de troca de duas garrafas PET por entradas. As equipes recebem o valor integral dos ingressos.
Em 2016, pelo menos sete jogos da Série A1 já participaram do projeto e trocaram ingressos por garrafas PET.
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