Jogadores da seleção admitem culpa e isentam Dunga na chegada ao Brasil
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
Ganso desembarca em São Paulo |
Parte da delegação brasileira desembarcou nesta terça-feira (14) no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
A equipe, que retornava da eliminação vexatória da Copa América Centenário, nos EUA, após derrota para o Peru, foi recebida por poucos torcedores no saguão de desembarque do aeroporto.
Entre fotos de fãs e gritos de "perdeu para o Peru! Vai ganhar de quem?", alguns jogadores falaram com a imprensa, reconheceram o desastre e minimizaram a culpa do técnico Dunga, que foi demitido nesta terça.
Escolhido capitão pelo treinador, o zagueiro Miranda, da Inter de Milão (ITA), afirmou que esperava ficar pelo menos entre os quatro primeiros da competição, dividiu a culpa entre todos e disse que Dunga não falou com os jogadores em tom de despedida.
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
Gabriel desembarca em São Paulo |
"Acho que a seleção fez uma má atuação. Cada um tem sua parcela de culpa. O momento é para cada um fazer a auto crítica", afirmou.
Willian, meia do Chelsea (ING), também isentou Dunga. O jogador reconheceu que falta algo à seleção, mas não soube indicar o que seria. O meia também afirmou que nenhum jogador fez corpo mole.
"Nosso objetivo é entrar em campo e sempre tentar dar o melhor para a seleção. Infelizmente o resultado foi negativo", disse. "Acho que o jogador vê o que pode fazer de melhor. Acho que alguma coisa está faltando porque os resultados não estão vindo", completou.
Primeiro a desembarcar, Lucas, do PSG, deu a entender que a participação na competição foi uma oportunidade perdida, mas vislumbrou tempos melhores para a seleção.
"A sensação é de que poderia ter feito algo mais. A gente teve a oportunidade. Como falei, os treinos foram bem feitos, mas o resultado não veio. Temos que acreditar sempre, pensar positivo, porque acredito na qualidade dos jogadores. Podemos levar a seleção de volta ao topo, infelizmente a fase não é boa. Não tem o que falar. É trabalhar e deixar as coisas acontecerem", afirmou.
SEM DESCULPA
O goleiro Alisson, do Inter, que falhou em gol regular não validado pela arbitragem na primeira partida, contra o Equador, não relembrou o lance, mas disse que o erro do juiz contra o Peru, que decretou a eliminação brasileira, não pode ser usado como desculpa.
"Tem dias no futebol que as coisas não dão certo, a última partida não deu. Saímos eliminados com gol irregular, mas faz parte. Todo mundo está sujeito a erro: o árbitro e nós também. A gente não pode se escorar nisso. Temos que pegar os pontos positivos das nossas atuações para melhorar", disse.
PRESSÃO OLÍMPICA
Rodrigo Caio, zagueiro do São Paulo, foi o mais solícito em responder aos questionamentos da imprensa. O jogador, que tem idade olímpica e deve estar entre os convocados nesta quarta-feira (15), afirmou que a eliminação foi ainda mais dura pelo fato de ter sido "injusta" e falou sobre os Jogos Olímpicos no Rio. A seleção brasileira vai em busca da primeira medalha de ouro na competição.
"Pressão sempre existe. Jogar pela seleção sempre tem uma pressão muito grande, ainda mais em uma competição que o Brasil nunca venceu. Ainda tem a convocação para sair, e fico na expectativa. Temos condições. Temos uma geração muito boa e acredito que temos plenas condições de ganhar essa Olimpíada", afirmou.
REUNIÃO
Dunga e Gilmar Rinaldi, coordenador de seleções, não desembarcaram em São Paulo. Passaram pela alfândega e seguiram direto para o Rio de Janeiro, onde nesta terça tiveram uma reunião na sede da CBF com o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero.
A CBF diz que é uma reunião que já estava marcada, para tratar dos 35 convocados da pré-lista que tem que ser enviada à organização da Rio-2016 até quarta-feira.
No entanto, após a eliminação precoce da Copa América, Dunga e Gilmar Rinaldi foram demitidos.
Na segunda-feira (13), a Folha revelou que Marco Polo Del Nero disse a pessoas próximas que estava decidido: não queria continuar com Dunga.
A reportagem também mostrou que o presidente já escolheu seu preferido para substituir Dunga: o corintiano Tite, que, agora, já considera a possibilidade de aceitar ao convite, segundo familiares e amigos.
O treinador de 55 anos já recusou quatro chamados para falar sobre o assunto, de um ano para cá. Agora, porém, avalia que, se o convite chegar, pode aceitar.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade