Clube que não joga movimentou R$ 19 mi, e presidente é agente de jogadores
O SEV-Hortolândia arrecadou cerca de R$ 19 milhões em apenas dois anos —entre 2014 e 2015— com a transferência de jogadores.
Como mostrou reportagem da Folha nesta quarta-feira (23), o clube está de portas fechadas desde o fim do ano de 2014, quando estava na segunda divisão do Paulista.
Mesmo sem disputar nenhum campeonato, o time continuou lucrando. O SEV atua como intermediário para empresários fazerem negócios com jogadores.
Usando um clube-ponte, agentes e atletas driblam as regras da Fifa —que vetam a participação de terceiros nos direitos do jogador— e conseguem ter compensações financeiras nas vendas.
Dos R$ 19 milhões arrecadados, quase R$ 16 milhões saíram dos caixas do time de Hortolândia para serem repassados aos empresários. As movimentações aparecem como "despesa na venda" ou "gastos com terceiros".
Algumas das vendas feitas de 2014 a 2015 são conhecidas: a do ex-zagueiro do Corinthians Cléber, que foi para o Hamburgo (ALE), a do ex-meia do Corinthians Petros, que foi para o Real-Betis (ESP), e a do volante Fernando Bob, que saiu da Ponte Preta para o Internacional.
A assessoria de imprensa do SEV confirma que o clube atuou como intermediário em todas essas negociações.
Felix Lima/Folhapress | ||
Fachada e campo de futebol do Centro poliesportivo Nelson Cancian, em Hortolândia |
DIRIGENTE E AGENTE
O presidente do SEV, Victor Muniz, é também sócio de uma empresa de agenciamento de jogadores.
Apesar de trabalhar fazendo intermediações, o dirigente não tem sua empresa cadastrada na lista da CBF, o que passou a ser obrigatório desde o ano passado.
Se a empresa tivesse virado uma intermediária "oficial", credenciada, Muniz estaria ocupando seu cargo de forma irregular. O regulamento da CBF que trata do tema veta "a atuação, como intermediário, de dirigentes que desfrutem de qualquer posição em ligas, associações, federações, confederações, Fifa ou qualquer entidade de prática desportiva".
Como não está na lista da CBF, não há irregularidade, na opinião do especialista em direito desportivo, Carlos Eduardo Ambiel.
De acordo com a assessoria de imprensa do SEV, Muniz é um administrador da empresa e não atua diretamente como agente no mercado de futebol.
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