De andarilho a surpresa, volante Moisés dita o ritmo do líder Palmeiras
Como bom mineiro, Moisés chegou ao Palmeiras no começo do ano sem alardes.
Desconhecido, o volante era mais uma das apostas do diretor de futebol Alexandre Mattos para a temporada.
Apesar de ter passagens por outras sete equipes até então, foi no clube alviverde que ganhou o protagonismo.
Das 31 rodadas disputadas do Campeonato Brasileiro, Moisés só não participou de duas. Uma por lesão e outra por suspensão após levar o terceiro cartão amarelo.
Monitorado pelo Palmeiras em 2015, o jogador marcou dez gols pelo Rijeka, da Croácia, e no início de 2016 já vestia a camisa alviverde.
"Quando vim para o Palmeiras e olhei o elenco, falei: 'caramba, vai ser difícil jogar aqui'. É um grupo de muita qualidade", afirmou à Folha.
Aos poucos, superou a própria desconfiança e a da torcida. Tornou-se um dos jogadores mais importantes do líder do Brasileiro. Chamado carinhosamente pela torcida de "Profeta", em alusão ao homônimo bíblico, ele diz que a passagem na Europa foi responsável pelo desenvolvimento como jogador.
"Na Croácia, aprendi a ajudar a equipe nos 87 minutos que passo sem a bola", diz.
Moisés se define como um "jogador de força, mas com qualidade de passe". Faz lembrar Paulinho, volante de confiança do técnico da seleção Tite e convocado para os dois próximos jogos do Brasil nas eliminatórias da Copa.
Ao contrário do ex-corintiano, não vislumbra chance na seleção tão cedo e deixa claro que seu sonho agora é "ser campeão brasileiro".
"Chegar à seleção será fruto do meu trabalho. Mas só de ver o Tite convocando jogadores que estão no Brasil te dá um ânimo", afirma.
Neste domingo (23), Moisés quer ajudar o Palmeiras a dar outro passo importante rumo ao troféu nacional. Às 17h, o clube recebe o Sport, em casa, pela 32ª rodada.
PORTUGUESA
Até virar destaque do Palmeiras, que não ergue a taça de campeão nacional desde 1994, Moisés teve trajetória complicada no futebol.
Natural de Belo Horizonte, o volante começou no América-MG em 2007, e desde então os empréstimos passaram a fazer parte de sua vida: Toledo, Rioverdense, Coritiba, Sport e Boa Esporte. Em nenhum deles ficou mais do que um ano. Em 2012, a Portuguesa decidiu comprá-lo e aí sua carreira ganhou um alento.
Em seu primeiro ano no time paulista foram 34 jogos, seis gols, quatro assistências e o objetivo de permanecer na Série A do Brasileiro cumprido com a 16ª posição.
No ano seguinte, o desempenho da equipe foi ainda melhor: terminou em 12º lugar. O desfecho foi um anticlímax, no que se tornou um dos episódios mais polêmicos do futebol brasileiro.
Na última rodada do Nacional de 2013, a Portuguesa escalou o meia Héverton irregularmente. O Fluminense, que havia sido rebaixado, denunciou o caso ao STJD, que decretou a retirada de quatro pontos dos paulistas.
A decisão culminou na queda para a Série B e a permanência dos cariocas.
"Fizemos grandes jogos e teoricamente não caímos. A forma que caiu é inadmissível. Os jogadores da época ainda conversam e torcem para que a verdade apareça, porque não dá para aceitar que foi só um erro de comunicação", lamenta.
O caso chegou a ser investigado pelo grupo de combate ao crime organizado do Ministério Público de São Paulo, mas acabou arquivado.
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