Sem antidoping, seletiva de natação do Brasil terá recordes invalidados
Satiro Sodré/SSPress | ||
A nadadora Etiene Medeiros na seletiva de natação em Palhoça |
Em meio ao caos que reina no antidoping brasileiro, a primeira seletiva da natação nacional para o Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de Budapeste, em julho de 2017, teve início nesta quarta-feira (23) sem que os atletas fossem submetidos a controle de substâncias ilegais. Com isso, eventuais recordes e até mesmo índices obtidos nas piscinas podem ficar invalidados.
A disputa ocorre em Palhoça (Santa Catarina), e as primeiras provas foram realizadas pela manhã. Nenhum nadador foi testado. Após os Jogos Olímpicos do Rio, este é o principal evento da natação nacional.
De acordo com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), houve acordo no ano passado para que a ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) assumisse a execução do controle antidoping da entidade.
Porém, a CBDA disse que desde a semana passada tem tentado contato com a direção da ABCD para saber se o antidoping da seletiva estava de pé. A confederação chegou a enviar um ofício à agência antidoping, que fica em Brasília –é atrelada ao Ministério do Esporte–, mas não obteve resposta.
De acordo com o Código Brasileiro Antidopagem, sancionado neste ano, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem é a única autoridade de testes em território nacional. Exceções só podem ser feitas por autorização.
No domingo (20), a ABCD foi declarada fora dos padrões de conformidade do Código Mundial Antidoping pela Wada (Agência Mundial Antidoping) e será descredenciada pelo órgão.
No meio tempo, a assessoria de imprensa da CBDA disse que "não houve tempo hábil" para arrumar um jeito de fazer o controle antidoping. "Não temos como fazer o antidoping [na seletiva]", disse a assessoria de imprensa.
Sem exames antidoping, o torneio pode até ser realizado, mas recordes mundiais (muito improvável) obtidos em Palhoça podem ser invalidados. Segundo regra da Fina (Federação Internacional de Natação), é mandatório que haja exame antidoping negativo para validação de um recorde mundial.
Quanto aos índices obtidos para o Mundial de Budapeste, a decisão sobre sua validade ou não fica a cargo da própria CBDA.
Até a publicação desta reportagem, o Ministério do Esporte não havia respondido ao questionamento da Folha.
RESTRIÇÃO
A CBDA anunciou, por meio de boletim, que levará somente oito nadadores para o Mundial de Budapeste.
O argumento para a diminuta equipe –para o Mundial anterior, em Kazan, foram 25– é a situação financeira da entidade. Seu principal patrocinador, os Correios, já sinalizou um corte brusco de aportes e ainda não renovou patrocínio.
A confederação afirmou que a definição dos nadadores se dará por índice técnico, independentemente do gênero. Além desta primeira seletiva nacional, em Palhoça, outro evento que vai definir a delegação será o Troféu Maria Lenk, no Rio, entre 24 e 29 de abril de 2017.
A CBDA também disse que vai mandar apenas oito atletas para o Mundial júnior de Indianápolis (EUA). Na edição anterior, em Cingapura-2015, foram enviados 20.
A entidade foi investigada pelo Ministério Público Federal em São Paulo, que pediu à Justiça em setembro o afastamento de toda sua cúpula, sobretudo o presidente Coaracy Nunes. Um juiz concedeu liminar deferindo o pedido, mas ele foi derrubado neste mês.
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