Paulista soube antes da semi da Copa SP de suspeita sobre Brendon
Reprodução/Facebook | ||
Brendon Matheus, do Paulista, é suspeito de adulterar idade para jogar Copa SP |
Excluído da Copa São Paulo de futebol Júnior nesta segunda (23) devido a escalação irregular do jogador Brendon Matheus, o Paulista foi avisado antes da semifinal contra o Batatais sobre uma suposta falsificação nos documentos do atleta.
Mesmo ciente da suspeita, o clube decidiu manter o atleta entre os convocados para a partida -o Paulista venceu por 5 a 1. Segundo Fernando Henrique Tirollo, gerente de marketing do clube, a decisão foi tomada após uma conversa com o zagueiro.
"Conversamos com o jogador no sábado e ele nos confirmou que estava apto a participar e que não tinha nada de errado em sua inscrição. Ainda falou que era a chance da vida dele e que queria jogar", afirmou o dirigente.
Porém, com as investigações do TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo), ficou comprovado que Brendon Matheus Lima dos Santos na verdade se chama Heltton Matheus Cardoso Rodrigues e não nasceu em 1997, mas sim em 1994. Pelo regulamento da competição, é permitido utilizar jogadores nascidos entre 1997 e 2001.
A denúncia foi feita pelo presidente do Batatais, André Toffetti. Em contato com a reportagem da Folha, ele afirmou que recebeu as informações na sexta-feira (20) e as encaminhou à Federação na manhã de sábado.
O Paulista foi excluído do torneio e o Batatais herdou a vaga na decisão diante do Corinthians, na quarta (25), às 16h. A decisão foi anunciada em entrevista coletiva nesta segunda pelo presidente do TJD-SP, Antônio Olim.
"O Paulista está excluído da competição. Por votação unânime, nós acolhemos a decisão baseada no artigo 25 [que determina a exclusão do clube que escalar atleta com documentação adulterada]. Vamos encaminhar o processo para uma delegacia de polícia para que ele [Brendon] seja punido criminalmente", afirmou Olim.
Presente no julgamento desta tarde, o advogado especialista em direito esportivo André Sica confirmou à Folha que o acusado não teve defesa e que os representantes do Paulista aceitaram como verdadeiras a possível falsificação dos documentos.
"As provas são muito contundentes. Toda certidão de nascimento é registrada em um livro, e a de Brendon estava inscrita no livro número 80, que não existe. A numeração do RG dele não existe e a prova maior foi a evasão do atleta, que não compareceu ao julgamento", disse.
Desde o início da manhã desta segunda, o zagueiro está desaparecido. O Paulista e o seu empresário, Alberto Luiz de Souza, registraram um Boletim de Ocorrência na delegacia em Jundiaí.
"Eu tinha contato com o primo dele, mas ontem [domingo] quando fiz algumas perguntas sobre a verdadeira identidade de Brendon ele parou de me atender. O pai dele foi em alguns jogos da Copinha, mas eu também não o vi mais", disse Alberto, que agência o atleta desde o meio do ano passado.
Ele garante que foi pego de surpresa e que nunca desconfiou da falsificação, já que a inscrição do atleta junto às federações e à CBF sempre estiveram regularizadas.
Pela ajuda nas investigações e por demonstrar boa fé, o Paulista escapou da exclusão de cinco anos do torneio.
OUTROS CASOS
A falsificação de identidade não é uma novidade no futebol brasileiro. Casos emblemáticos, como o de Emerson Sheik, ficaram marcados pelo tempo em que se demorou para descobrir a fraude.
Em 2006, o atacante foi detido pela Polícia Federal horas antes de embarcar para o Qatar porque usava passaporte com nome e idade adulterados. Apesar de ter nascido em 1978, seu documento constava a data de 1981.
Ele foi condenado a três anos e nove meses de prisão, mas a pena foi reduzida a uma multa de R$ 70 mil e prestação de serviços.
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