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31/12/2002
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10h48
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) pediu ontem que a comunidade internacional aprove o mais rápido possível um texto condenando a clonagem reprodutiva humana.
O anúncio foi motivado pelo nascimento de um suposto clone humano, a menina apelidada Eva, fabricada por uma firma ligada à seita Movimento Raeliano. "A notícia mostra a urgência para proibir tais experiências, inaceitáveis do ponto de vista ético, já que afetam de forma intolerável a dignidade humana", disse Koichiro Matsuura, diretor da Unesco.
A proibição mundial da clonagem reprodutiva foi discutida pelas Nações Unidas neste ano, mas o consenso entre os países não foi alcançado porque os Estados Unidos e o Vaticano queriam incluir na proibição a clonagem terapêutica, que usa células-tronco de embriões mas não produz bebês.
O japonês Matsuura, que dirige a Unesco desde 1999, condenou "toda pesquisa e prática que pretenda realizar a clonagem humana do ponto de vista reprodutivo" e chamou as ações dos raelianos de "atos criminosos".
"Clone" vai para casa
Nascida em local desconhecido, "Eva" teria voltado para casa ontem com sua mãe, uma americana, disse Brigitte Boisselier, bioquímica francesa que dirige a firma de clonagem, a Clonaid. O propósito da viagem é fazer um teste de DNA que possa provar que o bebê é um clone.
Jornais dos EUA questionaram o fato de que um bebê de quatro dias possa viajar de avião para o país, devido aos riscos para a saúde e à necessidade de um passaporte. "Não sei quem falou de avião e, além disso, ela não viaja necessariamente aos EUA. Só disse que ia para casa."
Um "especialista independente" deve retirar a amostra assim que o bebê chegar ao país com sua mãe, uma americana de 31 anos.
A validade do teste, contudo, já está sendo posta em dúvida por membros da comunidade científica. É que o encarregado de supervisioná-lo, o físico e ex-editor de ciência da rede americana ABC Michael Guillen, tem uma indesejada fama de crédulo.
Guillen já deu destaque a pesquisas pseudocientíficas envolvendo astrologia, capacidade de prever o futuro e de mover objetos com a força da mente.
"Ele é um homem com uma boa educação, mas não é muito esperto", disse James Randi, líder de uma fundação sem fins lucrativos que combate a pseudociência.
A Fundação Randi premiou Guillen em 1998 com o satírico Pigasus Award, dedicado "ao cientista que fez a coisa mais idiota em relação ao oculto, ao sobrenatural ou ao paranormal".
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Unesco pede proibição da clonagem humana reprodutiva
da Folha de S.PauloA Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) pediu ontem que a comunidade internacional aprove o mais rápido possível um texto condenando a clonagem reprodutiva humana.
O anúncio foi motivado pelo nascimento de um suposto clone humano, a menina apelidada Eva, fabricada por uma firma ligada à seita Movimento Raeliano. "A notícia mostra a urgência para proibir tais experiências, inaceitáveis do ponto de vista ético, já que afetam de forma intolerável a dignidade humana", disse Koichiro Matsuura, diretor da Unesco.
A proibição mundial da clonagem reprodutiva foi discutida pelas Nações Unidas neste ano, mas o consenso entre os países não foi alcançado porque os Estados Unidos e o Vaticano queriam incluir na proibição a clonagem terapêutica, que usa células-tronco de embriões mas não produz bebês.
O japonês Matsuura, que dirige a Unesco desde 1999, condenou "toda pesquisa e prática que pretenda realizar a clonagem humana do ponto de vista reprodutivo" e chamou as ações dos raelianos de "atos criminosos".
"Clone" vai para casa
Nascida em local desconhecido, "Eva" teria voltado para casa ontem com sua mãe, uma americana, disse Brigitte Boisselier, bioquímica francesa que dirige a firma de clonagem, a Clonaid. O propósito da viagem é fazer um teste de DNA que possa provar que o bebê é um clone.
Jornais dos EUA questionaram o fato de que um bebê de quatro dias possa viajar de avião para o país, devido aos riscos para a saúde e à necessidade de um passaporte. "Não sei quem falou de avião e, além disso, ela não viaja necessariamente aos EUA. Só disse que ia para casa."
Um "especialista independente" deve retirar a amostra assim que o bebê chegar ao país com sua mãe, uma americana de 31 anos.
A validade do teste, contudo, já está sendo posta em dúvida por membros da comunidade científica. É que o encarregado de supervisioná-lo, o físico e ex-editor de ciência da rede americana ABC Michael Guillen, tem uma indesejada fama de crédulo.
Guillen já deu destaque a pesquisas pseudocientíficas envolvendo astrologia, capacidade de prever o futuro e de mover objetos com a força da mente.
"Ele é um homem com uma boa educação, mas não é muito esperto", disse James Randi, líder de uma fundação sem fins lucrativos que combate a pseudociência.
A Fundação Randi premiou Guillen em 1998 com o satírico Pigasus Award, dedicado "ao cientista que fez a coisa mais idiota em relação ao oculto, ao sobrenatural ou ao paranormal".
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