Publicidade
Publicidade
12/09/2002
-
07h03
A rebelião de Fernandinho Beira-Mar e seus aliados do Comando Vermelho em Bangu 1 é mais uma prova de falência do sistema prisional do que uma demonstração de força dos traficantes do Rio, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Para o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr., o episódio mostra que ""houve uma grave falha administrativa". Segundo ele, o problema está na "histórica promiscuidade" entre as administrações de presídios e líderes de detentos em prol da manutenção da tranquilidade nas cadeias. Isso, disse, garante regalias aos líderes e também dá margem à corrupção.
E a expansão das facções criminosas dentro dos presídios, que arrecadam e controlam o fluxo de dinheiro, estaria aumentando a corrupção interna. "Poderia ser qualquer um [na liderança do motim em Bangu 1], com dinheiro e poder", afirmou.
"Falência do sistema prisional" é a frase que o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias usou para falar sobre a ousadia do líder do CV. Dias disse não entender por que o traficante não foi isolado.
"Ele foi colocado em um presídio onde tem inimigos, não dá para entender", afirmou.
"A população pode imaginar que conter o Fernandinho Beira-Mar é impossível. Impossível é a administração penitenciária deixar isso acontecer [o motim]", afirmou o juiz aposentado e ex-secretário nacional antidrogas, Walter Maierovitch.
Para ele, a corrupção interna explica os sucessivos incidentes com o traficante, flagrado recentemente em um grampo telefônico ordenando um assassinato, de dentro da cela, por meio de celular. ""Beira-Mar, evidentemente, é um criminoso. Corrompe", disse.
Segundo Maierovitch, Beira-Mar tem destaque no cenário de tráfico internacional. É um ""grande distribuidor", como outros que não enfrentou dificuldades dentro da prisão para deixar de ser líder de uma organização.
A possibilidade desse tipo de ousadia se repetir só será reduzida com uma corregedoria atuante, segundo Guaracy Mingardi, pesquisador da ONU sobre o tráfico de drogas e secretário municipal da segurança, em Guarulhos (Grande SP).
Leia mais:
Termina motim em Bangu 1, afirma secretário da Segurança
Invasão em Bangu 1 foi impedida por agentes penitenciários
Ministério da Justiça estuda transferir Beira-Mar
Para especialistas, corrupção permite motins em presídios
Presos suspendem as negociações em Bangu 1
Beira-Mar não terá todas as exigências atendidas, diz secretário
Saiba mais sobre o traficante Fernandinho Beira-Mar
Rebelados libertam dois homens que eram mantidos reféns em Bangu 1
Rebelião em Bangu 1 espalha pânico por todo Rio de Janeiro
Para secretário do Rio, rebelião é fruto de disputa para vender drogas
"Grampos" em Beira-Mar podem ser causa da chacina em Bangu 1
Governadora Benedita da Silva autoriza invasão da polícia a Bangu 1
Reféns de rebelados em Bangu 1 estão amarrados a botijões de gás
Saiba mais sobre os principais traficantes presos em Bangu 1
Beira-Mar comanda assassinatos de rivais em Bangu 1
Para especialistas, corrupção permite motins em presídios
da Folha de S.PauloA rebelião de Fernandinho Beira-Mar e seus aliados do Comando Vermelho em Bangu 1 é mais uma prova de falência do sistema prisional do que uma demonstração de força dos traficantes do Rio, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Para o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr., o episódio mostra que ""houve uma grave falha administrativa". Segundo ele, o problema está na "histórica promiscuidade" entre as administrações de presídios e líderes de detentos em prol da manutenção da tranquilidade nas cadeias. Isso, disse, garante regalias aos líderes e também dá margem à corrupção.
E a expansão das facções criminosas dentro dos presídios, que arrecadam e controlam o fluxo de dinheiro, estaria aumentando a corrupção interna. "Poderia ser qualquer um [na liderança do motim em Bangu 1], com dinheiro e poder", afirmou.
"Falência do sistema prisional" é a frase que o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias usou para falar sobre a ousadia do líder do CV. Dias disse não entender por que o traficante não foi isolado.
"Ele foi colocado em um presídio onde tem inimigos, não dá para entender", afirmou.
"A população pode imaginar que conter o Fernandinho Beira-Mar é impossível. Impossível é a administração penitenciária deixar isso acontecer [o motim]", afirmou o juiz aposentado e ex-secretário nacional antidrogas, Walter Maierovitch.
Para ele, a corrupção interna explica os sucessivos incidentes com o traficante, flagrado recentemente em um grampo telefônico ordenando um assassinato, de dentro da cela, por meio de celular. ""Beira-Mar, evidentemente, é um criminoso. Corrompe", disse.
Segundo Maierovitch, Beira-Mar tem destaque no cenário de tráfico internacional. É um ""grande distribuidor", como outros que não enfrentou dificuldades dentro da prisão para deixar de ser líder de uma organização.
A possibilidade desse tipo de ousadia se repetir só será reduzida com uma corregedoria atuante, segundo Guaracy Mingardi, pesquisador da ONU sobre o tráfico de drogas e secretário municipal da segurança, em Guarulhos (Grande SP).
Leia mais:
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice