Pedagoga
questiona americanização da cultura brasileira
na escola
No
último dia 7 de setembro o Brasil comemorou os
seus 180 anos de independência. Embora a Independência
do Brasil seja questionável, uma vez que o país
ainda mantém uma relação de dependência
financeira, administrativa, social e cultural com a
metrópole contemporânea (Estados Unidos),
é lamentável que uma data histórica
brasileira tão importante tenha passado tão
despercebida na imprensa e na sociedade em geral.
Quando
se abriu a página de qualquer jornal ou revista
da cidade de São Paulo durante a semana da Independência,
o que mais se viu foram reportagens sobre o inesquecível
11 de setembro na cidade de Nova York. As emissoras
de televisão chegaram a produzir séries
com depoimentos de vítimas e historiadores a
respeito do episódio histórico norte-americano.
É
inacreditável como o nosso país continua
vivendo financeiramente, administrativamente e, o mais
triste, culturalmente de fatos históricos que
não pertencem a nossa nação. Nem
sequer foi lembrado pela imprensa que no mesmo dia 11
de setembro o Brasil também viu uma clara demonstração
de 'guerra civil' na cidade de Campinas com a morte
do prefeito da cidade (até hoje não esclarecida).
Diga-se de passagem que pouco tempo depois da morte
do prefeito de Campinas o prefeito de São Bernardo
(São Paulo) também foi assassinado misteriosamente.
Se
o povo norte-americano foi massacrado com um ato tão
violento, milhares de brasileiros são massacrados
diariamente em chacinas, assaltos e sequestros, entre
outros.
A
pergunta que não quer calar: por que o brasileiro
privilegia um fato que nada tem haver com sua realidade
em vez de refletir sobre a nossa história de
"independência dependente"?
Nas
escolas, os professores seguem em sua difícil
tarefa de remar contra a correnteza, tentando fazer
com que os alunos valorizem mais as reflexões
críticas sobre a questão da "independência
brasileira" ao invés de debater sobre quem
está errado no conflito Busch versus Osama.
Construir
o conhecimento é uma tarefa árdua não
só pelas dificuldades do processo de conhecimento,
mas também pela grande barreira ideológica
que reveste nossa sociedade. A nação brasileira
só poderá se desenvolver quando começar
a cultuar a sua própria história, a sua
própria cultura e os seus próprios valores,
sem importar mais padrões de comportamento, moda
e cultura norte-americana.
Professores,
é hora da escola começar a denunciar e
criticar também este tipo de situação,
a escola é um forte instrumento de propagação
do conhecimento, não só do conhecimento
previamente estabelecido, mas também do conteúdo
vivo, dinâmico e dialético.
Giselle
Cristina Avelar
Pedagoga - Professora do Ensino Fundamental
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