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19/08/2008 - 14h49

Coalizão adia decisão sobre reabilitação de juízes no Paquistão

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da Efe, em Islamabad
da Folha Online

Os membros da coalizão do governo paquistanês, que se reuniram nesta terça-feira para analisar a situação política após a renúncia do presidente Pervez Musharraf, adiaram a decisão sobre a reabilitação dos juízes destituídos no ano passado pelo então chefe de Estado.

Em comunicado, o Partido Popular do Paquistão (PPP) destacou que, na reunião, "foram discutidos assuntos relacionados ao fortalecimento da democracia e da estabilidade política" após a saída de Musharraf, mas não anunciou nenhuma decisão.

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Apesar de a coalizão ter prometido reabilitar os magistrados destituídos por Musharraf "imediatamente" após sua saída do poder, a aliança adiou a decisão para uma próxima reunião, que deve acontecer em três dias.

K.M.Chaudary/AP
Advogado queima desenho de ex-presidente Pervez Musharraf em Lahore (Paquistão)
Advogado queima desenho de ex-presidente Pervez Musharraf em Lahore (Paquistão)

A nota afirma que os membros minoritários do Executivo --Partido Nacionalista Awami (ANP) e o religioso Jamiat Ulema-e-Islam (JUI)-- pediram tempo ao PPP e à Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz (PML-N), do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, para discutirem a restituição dos magistrados.

"Disseram que necessitam de três dias para examinarem com atenção o acordo entre os dois principais membros do governo, o PPP e a PML-N, sobre a restauração dos juízes", afirmou.

O assunto desencadeou o rompimento do governo em maio, quando os ministros da PML-N abandonaram seus cargos para pressionarem o PPP e conseguirem uma imediata restituição da judicatura.

O porta-voz da PML-N, Siddiq-ul-Farooq, explicou à agência Efe que seu partido "quer que os juízes sejam reabilitados em breve", mas desmentiu que tenha feito um ultimato ao PPP, como foi vazado para a imprensa local.

Arte/Folha Online
mapa da região do Paquistão

Os membros da coalizão também conversaram sobre o futuro de Musharraf, a quem a PML-N quer processar, e acerca da nomeação de seu sucessor, já que tanto o PPP quanto o partido de Sharif querem obtê-la.

EUA

Também nesta terça-feira, os Estados Unidos disseram que não foram questionados sobre a possibilidade de dar asilo político ao ex-presidente do Paquistão, mas que o ex-chefe militar "tem o direito de viver onde ele quiser".

O porta-voz do departamento de Estado Robert Wood disse a repórteres que se Musharraf pedisse para morar nos EUA, autoridades examinariam o pedido.

Ao fazer o pronunciamento ontem, Musharraf não especificou seus planos mas meios de imprensa locais sugeriram que ele poderia deixar o país por questões de segurança.

Renúncia

No auge da impopularidade, Musharraf finalmente cedeu às pressões de adversários políticos e encerrou nove anos de ditadura apoiada nas forças militares.

AP
Musharraf faz pronunciamento à nação informando que irá renunciar ao cargo
Musharraf faz pronunciamento à nação informando que irá renunciar ao cargo

"Depois de analisar a situação e consultar conselheiros e aliados políticos, decidi renunciar", disse Musharraf. "Deixo meu futuro nas mãos do povo", acrescentou, ao final de um discurso no qual defendeu seu balanço e acusou a coalizão governista, antiga oposição que saiu vitoriosa das eleições legislativas de fevereiro, de fugir aos fundamentos da República Islâmica do Paquistão, com 160 milhões de habitantes.

Musharraf fez questão de reiterar sua inocência e assegurar que as acusações políticas contra ele não se sustentavam.

Ontem, em entrevista à Folha Online, o cientista político Samuel Feldberg, membro do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que a renúncia de Musharraf --aliado dos EUA na chamada "guerra contra o terror"-- reflete a perda de influência do governo norte-americano na política do Paquistão.

Violência

A saída de Musharraf foi acompanhada de ondas de comemoração, mas também de violência. Nesta terça-feira, um homem-bomba atacou a sala de emergências de um hospital no noroeste do Paquistão e provocou a morte de ao menos 23 pessoas, informou a polícia.

O atentado ocorreu em um hospital da cidade de Dera Ismail Khan, próxima às zonas tribais onde o Exército combate os islamitas radicais aliados à Al Qaeda e aos talebans afegãos, e onde a violência é freqüente há mais de um ano.

"Há 23 mortos confirmados e até 20 feridos. Encontramos as pernas do suposto agressor suicida", disse o chefe da Polícia da província, Malik Navid Khan, à TV Geo.

Com agências internacionais

 

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