É piada recorrente entre jornalistas da F-1. Na Itália,
Jean Todt pode fazer xixi no tanque da Ferrari, com anuência
da FIA. E o pior é que, dessa vez, a brincadeira fez
algum sentido, levando-se em conta o ridículo posicionamento
dos comissários em relação à gasolina
resfriada usada pelo time italiano e prontamente banida em
Indianápolis _não tinha termômetro?
Com
xixi ou não, a Ferrari fez uma excelente corrida em
Monza. Não foi superior, longe disso. Mas correu com
segurança, refletida na primeira fila obtida no sábado,
e no desempenho de Schumacher no domingo.
O
certo é que ninguém esperava a vitória
ferrarista, e a surpresa de salvar um campeonato parece ter
tocado o alemão, que chorou como menino ao ouvir a
primeira menção à palavra Senna.
Schumacher
nunca foi de se preocupar com números. Sempre os considerou
apenas consequência de sua vitoriosa carreira. E seu
choro causou impressão, principalmente naqueles que
insistem em fazer comparações.
Não
acredito que Schumacher chorou por ter alcançado uma
das fantásticas marcas daquele que deveria ser seu
grande adversário nas pistas, duelo sonegado do público
desde a morte do piloto brasileiro em Imola.
Acho
mais fácil acreditar que Schumacher de repente se viu
alcançando alguma coisa, reconhecimento até,
após anos de críticas e de um carro de desempenho
sofrível.
Diante
desse deserto, transformou Senna ou o recorde em algo palpável,
já que bater Hakkinen, Newey, a Mercedes e toda a McLaren
parece não ser suficiente _talvez, nunca será.
Schumacher
é um grande piloto, o melhor que a geração
de agora irá acompanhar pela TV, mas nunca uma unanimidade.
Seja
pela sua arrogância, seja por seu jeito encardido de
pilotar. Falta-lhe justamente um adversário a altura
que justifique sacanagens como a de frear pouco antes da saída
do carro-madrinha _para atrasar todo o pelotão e eliminar
os ingênuos, como Button.
Atitudes
assim soam gratuitas. Houvesse um Senna na pista, a história
seria diferente.
*
A
história continua a mesma. A F-1 matou mais um e, para
desespero da FIA e dos donos de equipe, justamente na Itália.
E
mais uma vez a Justiça local tentará achar uma
culpa ou um culpado, o que jamais conseguirá.
Esporte
a motor mata gente. Pode ser uma afirmação lamentável,
mas é inexorável. Como a morte.
E-mail: mariante@uol.com.br
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