Publicidade
Publicidade
12/01/2004
-
07h58
Repleta de travessas e cercada de pessoas que parecem que jamais vão arredar suas garupas da cadeira. Bem-vindo à mesa espanhola, na qual nunca falta comida tampouco papo. A dimensão do tempo numa refeição espanhola é elástica. Gasta-se quanto tempo for necessário para comer.
Uma das maneiras de constatar essa agradável relação entre o espanhol e sua refeição é experimentar um cozido madrileno.
Prepare-se para enfrentar sérias dificuldades ao contabilizar as tigelas servidas, pois isso vai longe.
Antes de mais nada, é servida uma sopa de grão-de-bico e macarrão fininho, tipo fidelinho, preparada com o caldo no qual foram cozidos os itens do prato principal. A sopa é vigorosa. Mas não exagere, uma vez que ela é só o aquecimento de uma verdadeira maratona gastronômica.
Depois que todos se fartaram da sopa, começam as rodadas de travessas.
Primeiro, os vegetais: grão-de-bico, repolho, cenoura e batata. Esqueça esse papo de cenoura em rodelas ou cubos. Ela pode vir inteira, com a cabeleira de folhas inclusive, e vai assim, incólume, para o prato. Em seguida vêm o frango, a carne, o porco, a costela, o presunto, o mocotó, o toucinho e a linguiça. Um pedaço de cada um para cada conviva.
Agora, façamos as contas: no seu prato há uma colher de grão-de-bico, uma cenoura, uma batata inteira, uma colher de repolho, uma coxa de frango, um pedaço de carne, uma costela, uma cabeça de presunto, um pedaço de osso com mocotó, um quadrado de toucinho e uma linguiça. Dimensione o prato. Errou. Ele fica maior do que é possível imaginar.
O osso recheado com mocotó talvez seja o item que mais cause dúvidas. Afinal, poucas pessoas se mostram dispostas a sugar a gelatina intra-óssea de qualquer bicho. Mas aí os madrilenos explicam como efetuar a operação: "Pegue a gelatina com uma faca e passe-a no pão". Simples assim. O resultado se assemelha a um pão com manteiga. No caso, uma manteiga quentinha, com um gosto um pouco mais forte.
Outro item que centraliza os olhares é a cabeça de presunto. Trata-se da parte mais larga da peça, oposta ao osso, cozida. O resultado é que as faixas de gordura se separam da carne, que fica fibrosa e altamente saborosa.
Refestelados e estatelados em suas cadeiras, os comensais, nesse momento, acreditam ter acabado de quebrar o recorde de quantidade de alimento consumida de uma só vez. No entanto, em cada prato, por mais guloso que seja o seu dono, há sobras.
O cozido, por ser de preparo demorado e cuidadoso, é servido em apenas alguns dias da semana. O restaurante Charolés (r. Floridablanca, 84, tel.: 00/xx/34/91/ 890-5975), em San Lorenzo de el Escorial, a 50 minutos de Madri, serve o prato às quartas e sextas. É obrigatório fazer reservas.
Leia mais
Madri não se esconde atrás dos tapumes
Somados, museus ganham 52 mil m2 em Madri
Bom roteiro evita jogging no Prado
Baronesa engorda acervo do Thyssen
"Boleiros" vibram no lar do Real Madrid
Nome do estádio do Real Madrid homenageia ex-presidente
Perna de porco reina no Museo del Jamón
Fatiar o presunto exige obediência a certas regras
Veja quanto custam os pacotes para Madri
Cartão de crédito despiroca em Madri
Modernos e gays salvam Chueca do abandono
Pulso madrileno bate em praça viva como a Sé
Rota traçada não combina com El Retiro
Bar tombado para não cair está igual desde 31
Show compensa decadência de casa flamenca
Avenida desfila três estilos arquitetônicos
Hotéis remetem turista para o passado
Após a morte, realeza jaz em monastério
Especial
Veja galeria de fotos de Madri
Refeição à madrilena acaba quando termina
da Folha de S.PauloRepleta de travessas e cercada de pessoas que parecem que jamais vão arredar suas garupas da cadeira. Bem-vindo à mesa espanhola, na qual nunca falta comida tampouco papo. A dimensão do tempo numa refeição espanhola é elástica. Gasta-se quanto tempo for necessário para comer.
Uma das maneiras de constatar essa agradável relação entre o espanhol e sua refeição é experimentar um cozido madrileno.
Prepare-se para enfrentar sérias dificuldades ao contabilizar as tigelas servidas, pois isso vai longe.
Antes de mais nada, é servida uma sopa de grão-de-bico e macarrão fininho, tipo fidelinho, preparada com o caldo no qual foram cozidos os itens do prato principal. A sopa é vigorosa. Mas não exagere, uma vez que ela é só o aquecimento de uma verdadeira maratona gastronômica.
Depois que todos se fartaram da sopa, começam as rodadas de travessas.
Primeiro, os vegetais: grão-de-bico, repolho, cenoura e batata. Esqueça esse papo de cenoura em rodelas ou cubos. Ela pode vir inteira, com a cabeleira de folhas inclusive, e vai assim, incólume, para o prato. Em seguida vêm o frango, a carne, o porco, a costela, o presunto, o mocotó, o toucinho e a linguiça. Um pedaço de cada um para cada conviva.
Agora, façamos as contas: no seu prato há uma colher de grão-de-bico, uma cenoura, uma batata inteira, uma colher de repolho, uma coxa de frango, um pedaço de carne, uma costela, uma cabeça de presunto, um pedaço de osso com mocotó, um quadrado de toucinho e uma linguiça. Dimensione o prato. Errou. Ele fica maior do que é possível imaginar.
O osso recheado com mocotó talvez seja o item que mais cause dúvidas. Afinal, poucas pessoas se mostram dispostas a sugar a gelatina intra-óssea de qualquer bicho. Mas aí os madrilenos explicam como efetuar a operação: "Pegue a gelatina com uma faca e passe-a no pão". Simples assim. O resultado se assemelha a um pão com manteiga. No caso, uma manteiga quentinha, com um gosto um pouco mais forte.
Outro item que centraliza os olhares é a cabeça de presunto. Trata-se da parte mais larga da peça, oposta ao osso, cozida. O resultado é que as faixas de gordura se separam da carne, que fica fibrosa e altamente saborosa.
Refestelados e estatelados em suas cadeiras, os comensais, nesse momento, acreditam ter acabado de quebrar o recorde de quantidade de alimento consumida de uma só vez. No entanto, em cada prato, por mais guloso que seja o seu dono, há sobras.
O cozido, por ser de preparo demorado e cuidadoso, é servido em apenas alguns dias da semana. O restaurante Charolés (r. Floridablanca, 84, tel.: 00/xx/34/91/ 890-5975), em San Lorenzo de el Escorial, a 50 minutos de Madri, serve o prato às quartas e sextas. É obrigatório fazer reservas.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- De centenárias a modernas, conheça as 10 bibliotecas mais bonitas do mundo
- Legoland inaugura parque temático de artes marciais com atração 3D
- Na Itália, ilha de Ischia é paraíso de águas termais e lamas terapêuticas
- Spa no interior do Rio controla horário de dormir e acesso à internet
- Parece Caribe, mas é Brasil; veja praias paradisíacas para conhecer em 2017
+ Comentadas
Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade
Copyright Folha.com. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicaçao, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha.com.