Clube da 'Folhinha' dava vantagens e presentes aos seus leitores
No dia 29 de setembro de 1963, em sua quarta edição, a "Folhinha" trazia um convite aos seus leitores: aqueles que fossem ao 3º Salão da Criança -- um grande evento no Parque do Ibirapuera que tinha brincadeiras, apresentações e comidas voltadas para o público infantil -- tivessem entre 6 e 12 anos de idade e levassem duas fotos 3 x 4 cm, poderiam inscrever-se no Clube da Folhinha.
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Cebolhinha na edição de 29/9/63 |
Os membros do clube ganhariam "um bonito distintivo e uma linda carteirinha", que poderiam usar em eventos e promoções que seriam divulgadas no caderno.
Segundo o estatuto do clube, publicado junto com o convite, "campanhas educativas, concursos, campanhas sociais serão um dos objetivos do Clube da Folhinha, que também lhe proporcionará ingressos gratuitos em diversos espetáculos esportivos, musicais, teatrais, etc.".
O leitor Fernando Nuno fez parte do clube e usou sua carteirinha para assistir a dois filmes no cinema. Leia abaixo o seu depoimento, em que conta também história dos passeios que fazia à Redação da Folha.
Para enviar também sua história com a "Folhinha" basta mandar um e-mail para folhinha@uol.com.br.
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A Folhinha número 1 mediu pescoço de girafa. Logo depois disso, criou carteirinha (com foto e tudo, se lembro bem) que dava direito a ver cinema de graça, entre outras regalias. Lembro dois filmes que vi assim, logo falo neles.
Porque antes quero contar que com doze anos, por aí, tomava o ônibus, ia até a Barão de Limeira, passava na portaria que não tem os controles que tem hoje e conhecia a redação da Folhinha, todo mundo legal demais para mim, menino quase adolescente. Adorava ver os ensaios do corpo de baile da Folhinha, dirigido pelo Joshey Leão, no teatro do jornal. Foi aí que aprendi a amar as sinuosidades. Ainda não sabia que aos 19 anos iria buscar minha namorada (também escritora e hoje casada comigo) numa outra sala de aula também com o mesmo professor Joshey Leão.
A Folhinha publicava trabalhos dos leitores desde o início. Escrevi um romance imenso (nove páginas de caderno), envelopei e depois não mandei. Com vergonha fiquei. Era um romance histórico, imagine. Hoje, quase todos os meus livros tratam de temas históricos.
Ah, sim, quanto aos filmes: um era sobre os Reis Magos, passado numa sala da galeria Nova Barão, outro se chamava "Um Pijama Para Dois", que meu acanhado pai viu com certo desconforto: no final, a moça ficava só com a camisa do pijama e o rapaz só com a calça - em resumo, foi uma comédia divertida além da conta para nós, crianças.
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Reprodução da página da quarta edição da Folhinha, de 29 de setembro de 1963 |
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