Dono da Cosac Naify revela que cobriu rombo na editora
Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", o fundador e presidente da editora Cosac Naify, Charles Cosac, afirmou que uma auditoria realizada no ano passado constatou um rombo de R$ 4,5 milhões nas contas da empresa.
Cosac relatou ao jornal ter descoberto "coisas horríveis", como vendedores que ganhavam comissões por vendas fictícias desfeitas dias depois do faturamento.
O editor afirmou que sua família teve de fazer aportes financeiros para equilibrar as contas.
A reportagem, assinada por Adriana Abujamra, informa que há dois anos o americano Michael Naify, cunhado de Cosac e por anos corresponsável pela manutenção financeira da editora, deixou de investir na empresa, que seria sustentada hoje apenas pelo dinheiro da família Cosac.
Eduardo Knapp - 12.dez.07/Folhapress | ||
Charles Cosac, dono da Editora Cosac & Naify, na biblioteca de seu apartamento em Higienópolis |
A situação deficitária da Cosac Naify, casa conhecida pela excelência editorial e duvidosa viabilidade comercial, sempre foi comentada no mercado, mas nunca seus donos a haviam exposto de forma tão ostensiva. Fundada em 1997, a editora fará 15 anos neste 2012.
À FRANCESA
Charles Cosac associou os problemas à gestão de Augusto Massi, ex-presidente e ex-editor do grupo. Poeta e professor universitário, Massi deixou a Cosac no ano passado, após dirigir a casa por dez anos.
"Saiu à francesa, nem me deu adeus", disse Cosac ao jornal. "Entrei em pânico. Se não fosse o apoio das pessoas que trabalham lá, eu teria dado um tiro na cabeça".
Sobre o ex-funcionário, disparou: "Ele foi um ótimo editor, mas um péssimo presidente".
"Augusto Massi não tem metodologia, não tem raciocínio científico. O que uma pessoa normal faz em duas horas ele faz em 48 horas e mobiliza o mundo para isso."
LEGADO
Em resposta ao jornal, Massi afirmou ser "lamentável que o próprio dono da editora tente desqualificar quem o ajudou a mantê-la na ponta do processo cultural".
Reconhecido no universo editorial como editor de grande talento, Massi destacou, na resposta, o seu legado na Cosac.
"Em 2001, quando entrei na editora, o catálogo tinha 80 títulos, a maioria de artes plásticas. Na minha saída, em abril de 2011, ultrapassava 830, contemplando as áreas de literatura, antropologia, arquitetura, história, design, infantil, cinema, fotografia etc."
"Mas, longe de ser um mero editor, como presidente também criei várias parcerias (Sesc, Mostra Internacional de Cinema, Fundação Iberê Camargo, Faap, Instituto Goethe etc.), estabeleci uma política agressiva de vendas pelo site, dei maior visibilidade aos nossos livros nas principais livrarias do país, participamos de todos os planos de governo, vendemos direitos para o exterior etc."
O perfil de Charles Cosac traçado pelo jornal revela uma personalidade excêntrica, que diz sobreviver de mesada da família e certa feita fez um colar com ossos do avô, usou o ornamento por algum tempo e depois o presenteou a uma amiga.
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