Crítica: "Uma Família em Apuros" tenta fazer rir com choque de gerações
Popularíssima nos Estados Unidos, Bette Midler não prima pela sutileza. Seu ponto forte é o vigor com que encarna os personagens, que não escondem a intimidade com o grotesco e alguma vulgaridade.
Já Billy Crystal é mais conhecido por apresentar cerimônias do Oscar do que por seus predicados como ator. Pela primeira vez junta nas telas, a dupla de veteranos é o chamariz desta comédia de costumes que procura fazer rir com o choque de gerações.
A maneira encontrada pelos roteiristas para trabalhar este tema é a mais cômoda, ou seja, aumentar até o exagero as diferenças entre as gerações para gerar conflitos e quiproquós variados. Mas eo procedimento não garante comicidade, ao contrário.
Artie (Crystal) e Diane (Midler) têm três netos, mas convivem pouco com eles. Até que um dia são convocados por Alice (Marisa Tomei), a filha, e o marido, Phil (Tom Everett Scott), para cuidar dos pequenos por alguns dias.
Alice e Phil vivem em uma casa cheia de gadgets hi-tech e são daqueles que fazem tudo pelos filhos, educados segundo preceitos que se pretendem modernos. A comida é saudável -doces e bolos estão banidos-, a vida é cheia de regras, brincar não é atividade muito frequente. Para completar, as crianças nunca são contrariadas pelos pais, sua natural agressividade física é sempre canalizada em palavras.
Não por acaso, as crianças têm lá seus probleminhas: Harper (Bailee Madison), a mais velha, de 12 anos, é séria, fechada e capaz de passar horas se esforçando ao violino para conseguir entrar no conservatório. Turner (Joshua Rush) gagueja e sofre gozações dos colegas; Barker (Kyle Harrison Breitkopf) só pensa em seu amigo imaginário, um canguru.
Meio avoados e cheios de energia, os avós dão às crianças uma liberdade que elas jamais tiveram, estopim para uma série de episódios que poderiam ser engraçados. Mas os exageros do roteiro criam um artificialismo que logo se torna convenção, dando contornos inverossímeis às situações e ares burlescos aos personagens.
Para piorar, os personagens de Crystal e Midler são caricaturas. Ele abusa das piadas ridículas e dos jogos de palavras pouco inspirados na tentativa de agradar os netos, com pouco êxito, enquanto ela interpreta pela enésima vez a trapalhona gente boa.
Neste quadro pouco alentador, não surpreende que o filme só atinja um de seus propósitos: celebrar os laços familiares sem cheirar a mofo.
UMA FAMÍLIA EM APUROS
DIREÇÃO Andy Fickman
PRODUÇÃO EUA, 2012
ONDE circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ruim
Livraria da Folha
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