Morre o historiador e crítico de arte Walter Zanini, primeiro diretor do MAC-USP
Morreu na madrugada desta terça-feira (29), em São Paulo, o historiador, crítico de arte e professor Walter Zanini. Ele tinha 87 anos.
A causa da morte de Zanini ainda não foi divulgada pela família do historiador.
Depois de estudar história da arte em Roma, Paris e Londres, Zanini foi o primeiro diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, entre 1963 e 1978, e se tornou figura fundamental na instituição.
Apesar de fortes restrições orçamentárias e dos longos trâmites da burocracia universitária, Zanini conseguiu preencher algumas lacunas existentes nas coleções que deram origem ao MAC. Ele foi responsável pela ampliação de seu escopo e ajudou a incorporar novas linguagens, como vídeo e fotografia, ao acervo do novo museu.
Ele também realizou aquisições de peso de obras de estrangeiros, como Lucio Fontana e Josef Albers, além de modernos, como Lasar Segall, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, e dos geométricos Ivan Serpa, Waldemar Cordeiro e Franz Weissmann. Entre as mostras que organizou no espaço, estão individuais de fotógrafos como Brassaï, Henri Cartier-Bresson, e do artista Josef Albers.
Numa negociação com a Tate Modern, de Londres, Zanini trocou em 1972 um bronze de "Formas Únicas da Continuidade no Espaço", escultura do futurista italiano Umberto Boccioni, por uma peça do britânico Henry Moore.
No museu paulista, concebeu o programa "Jovem Arte Contemporânea" entre 1967 e 1974, um dos destaques de sua atuação.
Nascido em 1925, Zanini foi também curador de duas importantes edições da Bienal de São Paulo, as de 1981 e 1983, ajudando a projetar o Brasil no cenário global das artes visuais.
Mesmo durante o regime militar, Zanini se firmou como um visionário no país. "No Museu de Arte Contemporânea, nossas exposições dedicadas a novos experimentos foram mantidos --com certo risco", lembrou Zanini em entrevista ao crítico suíço Hans Ulrich Obrist, em livro publicado pela Cobogó.
Com graduação e doutorado pela universidade francesa Sorbonne, Zanini era professor aposentado da USP.
Em sua 30ª edição, o festival Videobrasil deste ano planeja uma homenagem a Zanini, considerado um pioneiro na difusão do vídeo no país. A mostra está marcada para outubro, no Sesc Pompeia.
O velório acontece a partir das 13h no cemitério da Vila Alpina, na zona leste de São Paulo. O corpo será cremado no mesmo local.
Ovidio Vieira/Folhapress | ||
O crítico, curador e historiador Walter Zanini, em retrato de 1983 |
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