"Clô Orozco era uma das últimas guerreiras da moda made in Brasil", diz Jum Nakao
À Folha e pelas redes sociais, personalidades do mundo da moda lamentaram a morte da estilista Clô Orozco, dona das marcas Huis Clos e Maria Garcia, que foi encontrada morta no início da manhã desta quinta-feira (28).
Estilista Clô Orozco morre em São Paulo
Seu corpo foi encontrado em frente ao prédio onde morava no bairro de Higienópolis, em São Paulo. No boletim de ocorrência, a morte foi registrada como suicídio.
*
"Eu a incentivei a ter a própria marca, ela se destacou desde o início por sua modelagem impecável. Formamos uma das principais duplas de moda dentro do mercado brasileiro na década de 1980. Busquei ser um incentivador do lado criativo dela. Ela estudava sociologia, tinha uma visão contrária ao capitalismo, mas conquistei a sua confiança de modo a fazê-la entender que o mercado era importante, que era válido ter uma realização pessoal, fazer com que as pessoas aprimorassem o guarda-roupa. A ideia para a grife dela surgiu nos anos de 1970, quando minha marca, a Zoomp, já tinha uma expressão forte. Minha opção foi ter um braço em outra marca, iniciamos um trabalho de desenvolvimento comercial e de grande parceria. Ficamos casados por cerca de dois anos e meio, e, de todos os meus casamentos, ela foi a única que conseguiu me levar ao altar, vivemos uma vida intensa, com muitas viagens, pesquisas, ideias. Ela sempre foi focada no ateliê, sempre foi focada em produzir um volume reduzido, mas de alta rentabilidade. Não sei se passou por momentos difíceis, na última década tivemos poucos contatos, mas ouvi que passava por dificuldades sérias. Todo o mercado de moda brasileira tem passado por dificuldades, talvez tudo tenha ficado mais agudo no último momento, são muitos motivos para explicar, mas a crise não era um problema só dela. Ela tentou se adequar ao mercado, mas quando os lucros não aparecem, fica difícil de pagar as contas. No ano passado, soube por terceiros que ela já havia tentado se suicidar, mas tinha ouvido que ela estava mais ativa, mais feliz. O suicídio é como o ponto final de uma bela história."
Renato Kherlakian
criador da marca Zoomp e ex-marido de Clô Orozco, à Folha
"Eu não a conheci nos corredores da SPFW, foi em uma mesa redonda que fizemos em uma livraria, onde falamos da necessidade de se pensar a moda como expressão cultural. Nós entendíamos a moda como uma forma de cultura. O trabalho dela tem esse valor, suas peças não são descartáveis, ela faz parte de um seleto grupo de pessoas que cria uma moda que vai além de uma temporada ou duas, as peças são sempre bonitas. Toda essa onda de supervalorização das etiquetas leva a essa discussão e Orozco gostaria de ser lembrada como uma designer. Lamento que uma pessoa jovem deixe de produzir, mas temos que pensar que ela tinha uma participação efetiva no mundo da moda. Ela sempre nos lembrará que é preciso refletir a importância do designer."
Mario Queiroz
estilista, à Folha
"Tinha muita admiração por ela. Era sinônimo de elegância, de sofisticação. Sempre a achei uma artista. O modo como ela pensava, fazia e criava suas peças únicas. Vai fazer muita falta."
Camila Morgado
atriz, à Folha
"Estou meio em choque, boba ainda. Não assimilei isso. A Clô era uma pessoa que pensava e vivia elegantemente, e isso ela transferiu com muita propriedade para a moda. Tudo o que ela fazia era uma verdadeira arquitetura de tecidos, tudo de bom gosto, de toque exclusivo e fino, como ela era. A moda da Clô era um reflexo do que ela foi. Para a moda e para os amigos, foi uma perda irreparável."
Marília Gabriela
apresentadora
"Conheci a Clô em 1978, quando tínhamos ateliê no mesmo prédio, na rua Hungria. Depois, fizemos parte do Núcleo Paulista de Moda. Muito talentosa, uma mulher extremamente racional, dedicada, com visão empresarial e uma excelente diretora criativa. Sempre ia a jantares em seu apartamento, onde ela mesma cozinhava com primor, um refinamento único. Uma mulher que jamais conseguiria viver sem a beleza, a arte e a excelência"
Gloria Coelho
estilista, por meio de sua assessoria de imprensa
"Hoje, logo cedo, postei uma imagem de uma orquídea do meu jardim! Viva, linda! Desejei um belo início de Páscoa para todos! Horas depois, soube da perda terrível de uma amiga, doce criatura, apaixonada por seu ofício, um talento e um bálsamo para a nossa moda! Que difícil momento para todos nós! Sem dúvidas, carecemos de reflexões profundas sobre tudo."
Paulo Borges
responsável pelas semanas de moda de SP e Rio, pelo instagram
"Uma das últimas guerreiras da moda made in Brasil. Escola viva de muitos estilistas e que deixa órfãos os consumidores de moda bem feita."
Jum Nakao,
estilista, à Folha
"Fiquei chocada, porque ela fazia um trabalho maravilhoso. Não dá para julgar o que se passa na cabeça das pessoas. É uma perda muito grande, uma tragédia."
Raquel Davidowicz
estilista, à Folha
"Não há palavras para a perda de uma amiga de muitos anos. Nada dá conta do vazio e do desamparo que essa partida causa no coração e na mente de quem fica. São muitas as lembranças que voltam e as conversas tidas sobre todos os assuntos. Mas, especialmente, no caso de Clô Orozco, aquelas que foram sua obsessão nos últimos tempos: a fábrica, as lojas, seus funcionários queridos e o tormento de não saber como tirá-los de uma situação para a qual ela não via saída. Posso dizer, sem dúvidas, que a situação da industria têxtil brasileira teve um peso fundamental na depressão que tirou sua capacidade de viver. Lembro que quando fiz o primeiro Fashion Marketing, em 2006, cujo tema era 'A Moda Brasileira Brilha, mas não Vende', ela me ligou para se inscrever e comentou: 'Esse tema parece que foi feito para a Huis Clos'. Não havia ironia nem graça em sua voz. E isso foi há sete anos. Que a perda da Clô seja um marco. Um marco para que outros empresários e industriais da moda tomem tento e se organizem para enfrentar um futuro de muitas dificuldades pela frente."
Gloria Kalil
consultora de moda, em seu site "Chic"
"Fiquei chocada porque era um trabalho maravilhoso. Não dá para julgar o que se passa na cabeça das pessoas. É uma perda muito grande, uma tragédia."
Raquel Davidowicz
estilista da grife Uma, à Folha
"Ela foi minha mestra, minha guia. Sua elegância, seu senso de estilo e seu amor à moda sempre me contagiaram. Vou sentir saudades."
Walter Rodrigues
estilista, pelo Facebook
"Clô Orozco, minha amiga de longa data."
José Gayegos
jornalista, pelo Twitter
"Morte de Clo Orozco, muito triste. Uma das mulheres mais elegantes e lindas que já conheci."
Chris Nicklas
apresentadora, pelo Twitter
"Muito muito triste com a morte da Clo, não sei nem o que dizer. Uma vida dedicada ao trabalho."
Michelli Provensi
modelo, pelo Twitter
"Vamos sentir muita saudade da elegancia e do talento criativo de Clo Orozco!! Minhas condolencias a toda familia!"
Brunete Fraccaroli
arquiteta, pelo Twitter
"Acabo de saber da morte da estilista Clô Orozco e fiquei muito triste. Uma grande perda para a moda brasileira."
Zé Pedro
DJ, pelo Twitter
"Que notícia triste sobre a morte da clô orozco, uma das minhas musas de quando sonhava com a moda, parece que cresci com ela perto."
Jana Rosa
apresentadora, pelo Twitter
"Muito triste. A moda brasileira fica cada vez menos chic. Elegância não é só o melhor corte e tecido --é a inteligência."
Jorge Wakabara
jornalista, pelo Twitter
"Uma perda para a moda brasileira! Adorava o trabalho na Huis Clos."
Carlos Tufvesson
estilista, pelo Twitter
"Mundo cruel, esse. Clô estava se sentindo esquecida, mas nunca será."
Maria Prata
editora-chefe da "Harper's Bazaar"
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade