Considerado o 'hype' do ano, Foals mira a consagração no Lolla
Math-rock, dance-punk, minimal-techno. São esquisitos os termos comumente usados para definir o som do quinteto inglês Foals. "Essas bobeiras só me confundem", disse Yanni Philippakis, 26, o vocalista, em entrevista por telefone à Folha.
A banda toca hoje às 15h15 no festival Lollapalooza, que acontece no Jockey Club, em São Paulo.
Impulsionado por "Holy Fire", o terceiro disco, lançado em fevereiro deste ano, o grupo vem lotando shows no Reino Unido.
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O vocalista do Foals, Yanni Philippakis, à frente do grupo |
"Sei das reações, até porque gosto de ler jornais. Mas não faço disso uma obsessão", diz Philippakis, cuja notória autocrítica o leva a discordar de reportagens muito positivas sobre seu trabalho.
O fervor de imprensa e público, porém, rendeu dividendos: já são quase 90 shows marcados até novembro.
Na música que produz, o quinteto britânico alterna ambiências típicas do indie, momentos explosivos e arranjos detalhistas e, por que não, cerebrais, como na canção "Inhaler", um hit.
A abordagem calculada, entretanto, não limita a emoção, em especial graças à tradução bastante singular do grupo para raízes rítmicas afro-americanas.
A HORA DO "HYPE"
O Foals nasceu em Oxford, na Inglaterra. Desde 2008, quando lançou o disco de estreia, "Antidotes", e depois, com "Total Life Forever", lançado em 2010, vem sendo apontado como "a próxima grande coisa" na cena musical internacional.
"O 'hype' é como uma febre, te adoece", diz o tecladista Edwin Congreave. Completam o time o baterista Jack Bevan, o guitarrista Jimmy Smith e o baixista Walter Gervers.
Hoje mais perto da consagração, a banda mantém uma linguagem visual bastante peculiar.
Parceiros como o amigo e cineasta Dave Ma ajudaram a criar vídeos como o de "Blue Blood", em que uma criança de feições adultas tem uma epifania diante de um público desconsertado.
Ao seu modo, Philippakis diz se sentir assim. Embora sua gentileza durante a conversa afaste essa imagem, o cantor, que tem um histórico de abandono paternal, é notório por arroubos bipolares.
Na adolescência, aliviou aflições ouvindo Prince e Primal Scream, entre outros pinçados pelo irmão mais velho, que lhe gravava fitas.
"Minha mãe ouvia canções de seu país (África do Sul) e meu pai é um músico folk grego. Não tivemos Beatles, Rolling Stones e Led Zeppelin em casa", diz.
Ele concorda que o fazer artístico é libertador, "mas também frustrante se algo não sai bem".
Para a tranquilidade dos fãs, o momento de trocar criatividade por paz interior está longe. "Fazer canções a partir da instabilidade emocional tem me ajudado. É um tipo de terapia", diz.
Ele guarda boas lembranças de visitas anteriores ao Brasil ("Das pessoas, que são lindas, e do Ayrton Senna. Estar de alguma forma próximo dele é especial") e conta as horas para hoje à tarde. "Há uma energia específica que só multidões podem criar. Quase um barato narcótico", anima-se. "E estamos em um grande momento".
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