Crítica: Em livro, atriz Jane Fonda faz defesa da longevidade
Depois de protestar contra a guerra do Vietnã nos anos 1970 e de inovar com vídeos de exercícios nos 1980, Jane Fonda milita agora em uma nova revolução: a da longevidade.
Defende que é possível agir para ter uma vida saudável e produtiva na velhice.
Esse é o tema de seu livro, "O Melhor Momento".
Fonda, 74, lembra que no último século a expectativa de vida cresceu 34 anos em média, saltando de 46 para 80 anos. "É uma segunda vida totalmente nova, e a decisão de enfrentá-la ou não muda tudo, inclusive o significado de ser humano", diz.
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A atriz Jane Fonda no Fórum de Longevidade em São Paulo |
Para compor seu manual da longevidade, a atriz mistura pedaços de sua história de vida, dicas sobre sexo e alimentação, roteiros de exercícios. Sugere uma participação ativa na sociedade.
Define a última fase da vida como "a época mais pacata, generosa, amorosa, sensual e transcendental de todas".
Ela propõe descartar a visão, incentivada pela cultura obcecada por juventude, de que a velhice é decadência.
Pede que os leitores enxerguem a vida como uma escada em ascensão, não como um arco que acaba em declínio.
Fonda foi casada três vezes: com o cineasta Roger Vadim (que a dirigiu em "Barbarella"), com o político ativista de direitos civis Tom Hayden e com o empresário Ted Turner (fundador da CNN). Numa fase da vida, ela avalia que "era apenas o que meu marido da época queria que eu fosse".
Isso era claro para muitos. Quando pediu uma opinião para a filha para um vídeo autobiográfico, recebeu uma dura resposta: "Por que você não arruma um camaleão e põe para rastejar na tela?", conta. Hoje, Fonda diz: "Não sofro mais do complexo de 'coitadinha de mim'".
Percorrendo suas angústias e tropeços, a atriz fala do trauma que teve, aos 12 anos, com o suicídio da mãe.
"A descoberta do abuso sexual sofrido por minha mãe na infância foi extremamente importante para mim", escreve. A atriz se qualifica como "uma pessoa salpicada pelo pozinho da depressão".
Recorda também momentos "maravilhosos e assustadores", como o da sua separação do milionário Turner, quando ela foi morar no apartamento da filha: "Passei de 23 propriedades do tamanho de reinados e um avião particular com espaço para seis pessoas dormirem para um quartinho de hóspedes sem closet".
Sempre superpreocupada com a aparência, Fonda fala da cirurgia plástica que fez aos 72 anos na mandíbula e abaixo dos olhos.
Elogia a atriz Geraldine Chaplin, 68, que nunca fez um procedimento cirúrgico.
Fonda ouve especialistas diversos para fazer seu manual com texto de autoajuda.
Mostra desenhos com exercícios físicos, veta o cigarro, trata de Viagra, produtos integrais, lista de calorias em alimentos, investimentos, meditação. Mais do que disso, prega a importância da realização de trabalhos para o coletivo.
Aí, ela volta aos tempos de militância nos anos 1970 e conta como "as mulheres ativistas eram diferentes de quaisquer outras pessoas".
Diz que as feministas "tinham o propósito de viver segundo os princípios de não competitividade" e que os gestos de solidariedade do grupo fizeram ruir seu "refúgio individualista".
Com essa bagagem, a militante está de volta.
O MELHOR MOMENTO
AUTORA Jane Fonda
EDITORA Paralela
TRADUÇÃO Débora Landsberg
QUANTO R$ 39,90 (384 págs.)
AVALIAÇÃO bom
Livraria da Folha
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