Pesquisador alemão investiga os mecanismos da dança Bauhaus
Muito além da linguagem visual funcionalista, da arquitetura de formas cúbicas, repleta de luz, decorada com leves mobílias tubulares feitas de aço, a Bauhaus representa um laboratório de experimentação.
Isso é o que o alemão Torsten Blume, pesquisador e artista da Fundação Bauhaus Dessau, vem mostrar no Brasil. Na oficina que realiza nesta quinta-feira (16) no Goethe-Institut (inscrições esgotadas), Blume mostrará os conceitos envolvidos na dança Bauhaus, por meio de exercícios que envolvem a geometrização do solo e as "Raumtänze" (danças espaciais).
"Os workshops empreendidos por Oskar Schlemmer entre 1923 e 1929 não tinham a intenção de ser diretamente um projeto teatral. Antes de tudo, eram um laboratório voltado ao treinamento criativo e à pesquisa artística em torno das novas perspectivas do design espacial, envolvendo a dança construtivista e a pantomima", afirma o pesquisador.
Considerado um dos primeiros espetáculos inteiramente abstratos da história, o balé triádico criado por Schlemmer --encenado pela primeira vez em 1922-- performatizava um universo onírico, com movimentos mecânicos executados em ritmo sincopado.
"Na dança Bauhaus, foi desenvolvida a ideia de movimentos geométricos. Não há uma história ou enredo. O que ocorre é uma nova maneira de ocupar espacialmente um palco formulado de modo mecanicista", explica.
O figurinos geométricos, compostos por aparatos metálicos e adereços de vidro ou madeira, tolhiam o movimento dos dançarinos, em vez de promover a sua liberdade.
"As coreografias são sempre experimentos abstratos, como bons jogos, baseados em regras e parâmetros claros e econômicos, como a natural restrição de movimento causada pelo traje e o andar rítmico ao longo de linhas terrestres geometricamente planejadas."
Na visão de Blume, o balé triádico e a dança Bauhaus influenciaram projetos estéticos de John Cage (1912-1992) e Merce Cunningham (1919-2009), além de serem notórios nos trabalhos de Bob Wilson e Achim Freyer.
"Nas minhas performances e workshops, eu tento atualizar as perspectivas do teatro bauhaus além das reconstruções formais. Porque eu entendo a Bauhaus não apenas como projeto histórico, mas sim como uma práxis de experiências criativas", diz.
"É possível, inclusive, realizar a dança bauhaus sem máscaras e fantasias, pois é uma coreografia baseada primordialmente na invenção, que precisa ser continuamente reelaborada", conclui.
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