Longe do centro de SP, Virada Cultural tem reduto brega e arrumadinho
Longe do centro de São Paulo, numa ponta da marginal Pinheiros, a Virada Cultural tem um endereço arrumadinho e despudoramente brega, onde se pode assistir aos shows dançando à vontade na pista coberta ou confortavelmente sentado em bancos limpíssimos com vista para o palco.
Não há fila para comprar alimentos e bebidas, onde um grupo de atendentes uniformizados entrega os pedidos com rapidez e um sorriso.
"A programação aqui no Sesc Santo Amaro está porreta. É a mais brega e a mais gostosa do Brasil", disse o vocalista da Faringes da Paixão, Marcelo Araújo, camisa de cetim multicolorida no corpo e corrente grossa prateada reluzente no pescoço. Era o início da primeira apresentação da banda pernambucana em São Paulo.
Num show cartão-de-visitas de uma hora e meia, houve tempo bastante para uma canção sobre o telefone para contratar o grupo, com o lembrete "o DDD é de Recife, então é 081", para apresentar composições próprias ("Fofolete do Cão") e, sobretudo, para um pot-pourri de expoentes do gênero.
Sucessos de Reginaldo Rossi, Wando, Magal e Odair José, a quem Araújo chamou de "nosso ídolo", rechearam o repertório, para alegria de um público que cantou e dançou cada letra, soltando a voz em trechos "clássicos" como "você é luz, é raio, estrela e luar" ou "eu te quero mais que tudo/ eu preciso do teu beijo/ diz que é verdade/ que tem saudade/ que ainda você quer viver pra mim".
A caminho do fim do show, os garotos da Faringes da Paixão incluíram Roberto Carlos, na set list. "Joga a mão pra cima e canta aê", convidou o vocalista, engatando o refrão "daqui pra frente, tudo vai ser diferente". Araújo não deixou de lembrar o parceiro do Rei que abraça com mais força o lado brega da música brasileira. "Salve Roberto Carlos. Salve também Erasmo Carlos, o Tremendão", disse.
Para encerrar a apresentação, a banda que se autoclassifica como "brega universitário" reservou um irresistível sucesso de Tim Maia. A estratégia não falhou. Despediram-se de seu primeiro show na capital paulista com o público pulando e cantando "a semana inteira/ fiquei esperando/ pra te ver sorrindo/ pra te ver cantando".
As irmãs paraibanas residentes em São Paulo Maria do Carmo Duarte e Lúcia dos Santos acompanharam a apresentação acomodadas num dos bancos em torno da pista. "Você não dançou", comentou com Maria do Carmo outra de suas irmãs. "Eu vim para ouvir", respondeu ela, que disse ter gostado muito do show.
As irmãs e seus outros familiares que moram perto do Sesc Santo Amaro e decidiram acompanhar ali a Virada Cultural ainda esperariam o show de Falcão, previsto para a meia-noite.
Desde às 18h, início da programação da Virada, até às 21h, quando a Faringes da Paixão subiu ao palco, o Sesc contabilizou a entrada de 800 visitantes. Nos sábados regulares (em que funciona das 10h às 21h), a unidade recebe em média 2.000 visitantes, segundo sua assessoria.
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