Dupla Pet Shop Boys apresenta pop experimental em São Paulo
"Eu só acho estranho não tocarmos mais nas rádios no Reino Unido como antes!" reclama Neil Tennant, 59, vocalista do Pet Shop Boys. A queixa veio após ser questionado sobre uma declaração e música em que diz se sentir "invisível" depois de entrar nos cinquenta. Formada ao lado de Chris Lowe, a dupla inglesa responsável por colocar a dance music no universo pop se apresenta em São Paulo nesta quarta-feira (22), no Credicard Hall.
Para alívio geral, Neil Tennant está longe de ter virado um reclamão saudosista dos tempos do Pet Shop Boys líder das paradas de sucesso. Apesar da temática da crise de idade permear algumas canções, como a dolorida "Invisible", do disco Elysium (2012), o dueto cinquentão parece confortável um pouco longe do mainstream. E destituído de crises no novo trabalho. "Propusemo-nos a fazer um disco de dança de músicas sem estruturas musicais típicos", afirma Neil sobre "Electric". O álbum, planejado para lançar em julho, é responsável pela turnê com visual e projeções conceituais.
Divulgação | ||
Neil Tennant (à esq.) e Chris Lowe em show em Santiango, no Chile |
É nítida a sonoridade menos comercial, seguindo uma tendência artística semelhante a de shows como os mais recentes do Kraftwerk, outro dinossauro eletrônico. Entre as novas influências, Neil cita estar ouvindo muito ultimamente artistas como Dusty Kid, o irlandês Jóhann Jóhannsson, DJs do selo Kompakt e até música clássica. Os músicos estão produzindo uma peça com jeitão de musical, inspirada na vida do matemático Alan Turing, um dos mentores do computador moderno.
"Apesar das mudanças, é definitivamente dance-music. Mas eu acho ainda pop, digamos, pop-experimental" explica. A escolha do produtor Stuart Price, que trabalhou com Madonna, New Order e outros colegas de época (e sucesso) transparece uma preocupação em manter as raízes. Basta deixar passar o estranhamento dos primeiros acordes da nova "Axis", atenuado pelo vocal indefectível de Tennan, e logo os synths característicos do duo aparecem cá e lá. Soa familiar, apesar de toda esquitice que pode causar de sopetão. Ainda bem, devem pensar os mais fãs. Outra característica do duo, a mão cheia na hora de escolher os covers, neste novo disco está numa versão viajante de "Last to Die", de Bruce Springsteen.
Indagado hoje, quase aos 60, sobre o que diria se pudesse encontrar o mesmo Neil no comecinho dos anos 1980, o cantor declara: "Siga seus instintos, especialmente se todos dizem que você está fazendo a coisa errada. Faremos sempre assim".
PET SHOP BOYS
QUANDO quarta-feira (22), às 21h30
ONDE Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955; tel. 0/xx/11/4003-5588)
QUANTO de R$ 200 a R$ 500
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
Livraria da Folha
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