Mostra em São Paulo revela a diversidade do cineasta Alain Resnais
Para comemorar os 91 anos, que se completam nesta segunda, de um dos mais persistentes e inquietos artistas da história do cinema, o Cinusp exibe de hoje até dia 14 uma retrospectiva da obra do francês Alain Resnais (pronuncia-se Rêné).
Com o subtítulo "O Revolucionário Discreto", a mostra reúne 15 trabalhos, entre curtas e longas, que cobrem desde sua emergência, no início dos anos 1950.
Da primeira fase, a abordagem do universo artístico, central em "Guernica" e "As Estátuas Também Morrem", e da plasticidade das formas, como em "O Canto do Estireno", revela um cineasta que usa o documentário como artifício para reinventar obras.
Alberto Pizzoli/France Presse | ||
O cineasta Alain Resnais no Festival de Cannes de 2012 |
Neles, a escolha de perspectivas inusitadas encontra no dinamismo da montagem um recurso em que o cinema filma a arte sem nunca cristalizá-la num objeto, seja de culto ou de contemplação.
Na mesma época, Resnais realiza "Noite e Neblina" e "Toda a Memória do Mundo", documentários nos quais evoca a barbárie e a cultura como nosso avesso e direito e, sobretudo, põe em cena os temas da temporalidade e da memória, dominantes na maior parte de sua filmografia.
O impacto dos longas começa com "Hiroshima, Meu Amor". Nele, a memória é dor pessoal e rastro de um poder de aniquilação tornado absoluto na era atômica. O par de amantes coberto de suor e poeira radioativa alcança um patamar em que poesia e política se entrelaçam, produzindo encanto e consciência.
Divulgação | ||
Emmanuelle Riva e Eiji Okada em "Hiroshima, Meu Amor" |
Dos anos 1960, a mostra reúne os filmes mais abstratos, em que a indagação a respeito da experiência do tempo se amplifica em narrativas radicais que marcaram época, como "Ano Passado em Marienbad", "Muriel" e "Eu Te Amo, Eu Te Amo".
Em vez de datados exemplos de modernismo, estes títulos permitem reconhecer a influência de Resnais sobre cineastas contemporâneos, como Wong Kar-wai e Michel Gondry, e identificar a origem das narrativas complexas buscadas por Charlie Kaufman e Christopher Nolan.
Em meio aos títulos consagrados, joias raras e um tanto esquecidas, como "Stavisky ou o Império de Alexandre" e "O Meu Tio da América" merecem toda a atenção.
ALAIN RESNAIS: O REVOLUCIONÁRIO DISCRETO
QUANDO de hoje (3) a 14/6
ONDE Cinusp (r. do Anfiteatro, 181, Cidade Universitária, tel. 0/xx/11/3091-3540)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO de acordo com o filme (www.usp.br/cinusp)
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