Jô Soares leva à cena abismo entre gerações com peça 'Três Dias de Chuva'
Durante o período de ensaio da peça "Três Dias de Chuva", o diretor Jô Soares fez um teste: inverteu a ordem da peça, colocando o segundo ato antes do primeiro. Com isso, verificou o sentido cronológico no enredo do espetáculo, que estreia amanhã no teatro Raul Cortez.
A experiência de fazer esse deslocamento tem um sentido simples e funcional: o primeiro ato de "Três Dias de Chuva", com texto do americano Richard Greenberg, transcorre nos anos 1990; o segundo faz um longo flashback para os anos 1960.
Na primeira parte, três jovens discutem a vida de seus pais; dois dos personagens (Otávio Martins e Carolina Ferraz) são filhos de um famoso arquiteto, que morre.
Priscila Prade/Divulgação | ||
Cena da peça 'Três Dias de Chuva', dirigida por Jô Soares, com Petrônio Gontijo (esq.) e Carolina Ferraz |
O terceiro papel (Petrônio Gontijo) é o de um amigo que, surpreendentemente, está no testamento como herdeiro.
No segundo ato, a peça retorna à vida dos pais desses jovens para resgatar os fatos que terão influência direta no futuro --ou na ação retratada no início do espetáculo.
INCOMPREENSÃO
Com a inversão temporal, a peça cria uma espécie de quebra-cabeça. Mais do que isso: mostra a incapacidade dos filhos de compreender o passado dos pais em sua totalidade. "Às vezes, muita coisa aconteceu de maneira totalmente diferente do que pensamos", considera Jô.
"Uma geração não consegue passar totalmente para a outra aquilo que viveu", completa Gontijo. O diretor diz que conheceu o texto por intermédio de Martins.
Na montagem, todos os intérpretes acumulam personagens. Segundo Martins, o próprio texto indica os papéis que devem ser feitos por um mesmo ator. "Isso, na verdade, é fundamental para a compreensão da história", conta.
Nos Estados Unidos, a peça foi encenada com Julia Roberts e Bradley Cooper no elenco. Na versão brasileira, retoma-se a atmosfera nova-iorquina.
O primeiro ato transcorre em um loft antigo, com tijolos aparentes. O segundo é o mesmo loft, só que novinho e recém-reformado.
A montagem conta com figurinos de Fabio Namatame e desenho de luz de Maneco Quinderé.
TRÊS DIAS DE CHUVA
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h, e e dom., às 19h; até 16/12
ONDE teatro Raul Cortez (r. dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3254-1631)
QUANTO R$ 60 e R$ 70
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
Livraria da Folha
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