Escritor que leva mundo do RPG à literatura encontra seu público na Bienal
Cultuado por jogadores de RPG (role-playing games) e adoradores de mundos fantásticos ligados à época medieval, fadas, elfos e dragões, o escritor gaúcho Leonel Caldela conversou com seus leitores na tarde desta terça-feira (3), na Bienal do Livro do Rio.
Aos 34 anos, ele está lançando o livro "O Código Élfico" --o sexto romance de sua carreira. O livro, de 573 páginas, foi escrito em três meses, segundo o próprio autor.
Jogador voraz de RPG e consumidor assumido de cultura pop, em especial de quadrinhos, jogos e séries de TV, Caldela explicou para uma plateia íntima do seu trabalho como funciona seu processo criativo. Em "O Código Élfico", o escritor deu atenção especial às lendas urbanas, o que despertou a atenção do público acostumado às referências mitológicas da Idade Média.
"Acho que as lendas urbanas constituem o que pode ser dito como a mitologia moderna. A mitologia antiga só existiu porque não era possível para aqueles povos explicar uma série de coisas. O mesmo acontece nas grandes cidades de 2013, com coisas que não conseguimos explicar tão facilmente", afirmou Caldela.
Se "O Código Élfico" é o sexto romance de sua carreira, contabilizadas as obras escritas especialmente para RPG sua obra alcança 18 títulos, segundo suas próprias contas.
Ele diz que na nova obra não é necessário o conhecimento prévio do universo dos jogos, mas admite que, a partir do livro, tenta abrir o caminho para que mais pessoas se interessem pelas referências que ele utiliza.
"Deixo portas abertas para que o leitor busque outras coisas. Mas se eu exigisse do meu leitor algum conhecimento prévio sobre RPG para compreender o livro, seria muito ruim, uma escrotice", disse ele à plateia que tomou o espaço do Acampamento na Bienal.
A produção literária vasta em tão pouco tempo de carreira, aliada à relativa rapidez com que redigiu as quase 600 páginas do livro, sugere a pergunta: que qualidade tem a literatura de Caldela? Ele diz ser incapaz de avaliar sua própria obra hoje.
"É complicado avaliar o que é perene, o que vai perdurar. Shakespeare, por exemplo, não foi valorizado por muito tempo. Mas eu tenho sim a preocupação de ser relevante", disse o escritor.
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