Comércio dita tendências na semana de moda de Nova York
Quando a ameaça de um conflito armado e uma crise financeira anunciada pairam sobre a moda norte-americana, os estilistas vão pelo caminho mais seguro para amenizar qualquer impacto negativo que o noticiário possa gerar no desejo de consumo dos clientes.
Na temporada de verão 2014 da semana de moda de Nova York, que terminou na quinta-feira (12) abrindo o circuito de desfiles do hemisfério Norte, essa lógica ficou evidente na passarela, que priorizou tendências publicadas em birôs de estilo --empresas encarregadas de antecipar o que deve agradar ao público--, ou seja, mais focadas no comércio.
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Calvin Klein, Ralph Lauren e Marc Jacobs fecham a Semana de Moda de NY
O preto e branco, como era de se esperar, foi a grande aposta cromática, da gigante Ralph Lauren com suas mulheres de perfume sessentista à pequena e promissora Altuzarra, do estilista Joseph Altuzarra.
O designer investiu em fendas nas saias 3/4 de sua coleção, arrancando elogios da crítica, que fez celeuma em torno do anúncio da venda de parte de sua grife para o grupo Kering, dono da Gucci e da Balenciaga.
Até Diane von Fürstenberg, estilista-símbolo do "casual wear" americano, e que sempre preferiu as estampas coloridas ao monocromatismo, entrou na onda preto e branco dedicando um bloco inteiro às duas cores.
Já Michael Kors, que ao lado de Fürstenberg é o designer preferido das mulheres de negócios americanas, aposta em peças clássicas do guarda-roupa, com referências que vão dos anos 1940 a 1970.
A Prada havia dado a dica, e agora os motivos florais devem ser a estampa da vez nas araras americanas.
Entre os prints digitais de Prabal Gurung e os silks da romântica Tory Burch, o jardim mais bonito foi o de Oscar De La Renta.
CIRCO DE VAIDADES
A silhueta anos 1950 misturada ao efeito óptico das pequenas rosas aplicadas em "vestidos coquetel" provam que o estilista, aos 81 anos, está em sua melhor forma. E ele ainda arranjou tempo para bater boca com a organização do evento.
Antes do início da temporada, De La Renta havia ameaçado sair da programação por achar que a semana de moda se transformou num "circo de vaidades".
Um espetáculo de que a Opening Ceremony fez questão de participar, com direito a Justin Bieber e Rihanna na primeira fila. A grife de "fast fashion" estreou na semana de moda novaiorquina com coleção inspirada no sul da Califórnia.
Os "top croppeds", as listras e, claro, as flores, traduziram a imagem solar moderninha que agrada o público jovem consumidor da marca.
O brasileiro Francisco Costa comemorou dez anos à frente da Calvin Klein exaltando o minimalismo que é marca registrada da grife.
No entanto, o estilista se permitiu ousadias ao jogar com desconstruções na modelagem e texturas de patchwork. A herança de Minas Gerais, onde Costa nasceu, apareceu no bom trabalho manual aplicado em blusas, saias e vestidos soltos.
Último a desfilar, Marc Jacobs foi na contramão da limpeza que permeou a passarela americana e bordou jaquetas, vestidos, bermudas e saias na altura do joelho em um desfile que mais parecia uma marcha militar do século 19.
A imagem é "over", vitoriana, mas vem pronta para consumo.
Livraria da Folha
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