Crítica: Companhia teatral alemã Schaubühne enfatiza tom político de Ibsen
As apresentações do espetáculo "Um Inimigo do Povo", do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), pela companhia alemã Schaubühne, mostraram um pouco das sofisticadas técnicas de dramatização e representação do grupo.
O público que assistiu às montagens no fim de semana pôde ver um estilo de interpretação pouco usual no teatro brasileiro.
Com uma técnica de impostação de voz apurada, o elenco fazia ressoar sem dificuldade os diálogos pelo amplo teatro do Sesc Pinheiros.
Veja fotos de "Um Inimigo do Povo
O registro naturalista adotado pela trupe determinava com que os atores conversassem entre si como se estivessem na sala de casa, sem, no entanto, demonstrar esforço na reverberação das falas, que refletiam límpidas pelo tetro.
A encenação é também permeada por longas pausas, intervalos vazios de ação cênica em que os atores mantêm-se em silêncio ou executam tarefas cotidianas, o que reforça a identidade realista da montagem.
O diretor Thomas Ostermeier imprimiu uma atmosfera jovial à peça, principalmente em seu início, com os personagens vestidos de maneira descolada, ensaiando ao vivo com sua banda ao som de "Changes", de David Bowie, em um apartamento de paredes pretas repletas de desenhos de giz branco.
O desenvolvimento dramático torna o clima mais soturno, à medida que os conflitos de Ibsen vão tomando corpo.
Próximo ao fim, no discurso politizado do médico aos cidadãos locais, abre-se a cena à plateia, inquerida sobre sua opinião a respeito do embate entre a ética e as convicções pessoais em confronto com as necessidades e os desejos coletivos.
AVALIAÇÃO ótimo
Livraria da Folha
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