Fase nova-iorquina decreta o fim das bananas de Amaral
Ao chegar a Nova York, fugindo da ditadura que "caiu como um raio" no Brasil, Antonio Henrique Amaral foi tomado por uma enorme sensação de liberdade. "Era uma abertura tão grande que me perdi", conta."Com tanta luz, precisava fechar o foco para não estourar o filme."
Nessa tentativa de fechar o foco, Amaral pintou uma série de 35 telas que chamou de "Campos de Batalha". Eram as bananas dilaceradas por garfos e enroladas em cordas.
Antonio Amaral é relembrado em exposições em SP
Vilém Flusser, filósofo tcheco, morto em 1991, que visitou o ateliê do artista em Manhattan, viu nas bananas acorrentadas e destruídas uma representação da "massa amorfa de um povo tropical em lenta decomposição", dizendo não haver dúvidas de que povo era esse -"as tonalidades amarelas e esverdeadas dão a indicação".
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'Campo de Batalha', tela de 1974 |
Dado o recado, Amaral então começou uma série de abstrações espontâneas, que ele diz vir dos rabiscos que fazia, sem planos prévios.
"Sua obra oscila entre momentos de grande liberdade e controle", observa Maria Alice Milliet, curadora da mostra na Pinacoteca. "Essa é a modernidade no trabalho dele, o que faz com que não seja ultrapassado hoje."
Ela também lembra que Amaral foi um dos primeiros artistas do país a trocar Paris por Nova York como referência de vanguarda visual. "Ele pegou aquela comunidade de artistas do SoHo no auge", conta Milliet. "E criou um vocabulário. Além das bananas, o coração, as serras, os pregos, algo agressivo."
Desde então, a obra trilhou vários caminhos. "Sou um incoerente confesso", diz Amaral. "Sempre fui um lobo solitário no meio das tendências."
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'Campo de Batalha 13', obra de 1974 |
Livraria da Folha
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