Portugal manterá venda das 85 telas de Miró
Portugal ainda pretende vender os 85 quadros do pintor espanhol Joan Miró, que teve seu leilão na Casa Christie's londrina suspenso no último minuto na terça (4), garantiu o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.
De acordo com o premier, em conversa com os jornalistas em Lisboa, manter esses quadros em Portugal representa um custo para o Estado, "que não tem os 30 ou 40 milhões de euros necessários para investir nessas obras".
"A venda de 85 obras de Joan Miró foi cancelada como resultado de uma disputa em uma corte portuguesa, da qual a Christie's não é parte (envolvida)", declarou a casa de leilões.
"As incertezas legais criadas por essa disputa em curso significam que não podemos oferecer as obras para venda com toda a segurança", acrescentou a Christie's.
Um grupo de deputados do Partido Socialista, principal força de oposição ao governo de centro-direita português, recorreu à Justiça para que as telas não sejam vendidas, depois de esgotarem todas as possibilidades no Parlamento.
O tribunal administrativo de Lisboa rejeitou a suspensão cautelar da venda, conforme solicitado pela procuradoria, mas destacou "irregularidades" na saída dos quadros do país.
O primeiro-ministro disse que as irregularidades são de responsabilidade da casa de leilões.
A Christie's "tinha a responsabilidade de organizar tudo: o pedido de exportação das obras, os seguros, o transporte dos quadros e seu leilão", afirmou Passos Coelho.
"Com sua experiência, deveriam ter tomado mais precauções", criticou o chefe de governo, explicando que os quadros de Miró "terão de voltar para Portugal para que sua futura exportação possa respeitar os termos da lei".
A nova data do leilão ainda não foi estabelecida, disse o premier, acrescentando que poderá ser pela Christie's, ou por outra casa de leilão.
O valor das obras do artista de Barcelona havia sido estimado em 36,4 milhões de euros (cerca de R$ 118,15 milhões).
A decisão do governo de vender as 85 obras para reforçar os cofres públicos causou polêmica nos círculos culturais. Milhares de assinaturas foram coletadas online para exigir que a coleção —propriedade do governo de Portugal desde a nacionalização do banco BPN em 2008— fique no país.
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