Canais de documentários investem em produções ficcionais
Klondike foi uma espécie de Serra Pelada da história dos EUA. No fim do século 19, uma multidão rumou para o gélido e inóspito Alasca em busca de minas de ouro. A região viveu um "boom" inesperado, que trouxe a reboque violência e prostituição.
Famosa por seus programas de documentários, a Discovery resolveu contar essa história por meio de uma minissérie de ficção.
"Klondike", que estreia hoje no Brasil, é o primeiro investimento do canal no gênero ficcional, tendência que repete em canais de TV a cabo similares.
Divulgação | ||
Richard Madden (à esq.) e Augustus Prew em cena da busca por minas de ouro na série 'Klondike' |
A segunda temporada da série "Vikings", exibida no país pelo Nat Geo, estreia no próximo dia 2. Girando em torno da família de um guerreiro nórdico, o primeiro ano do seriado foi orçado em cerca de US$ 40 milhões (R$ 93 milhões) e foi indicado a três prêmios Emmy.
Já o History Channel mostrou Emile Hirsch (de "Na Natureza Selvagem") e Holliday Grainger (da série "Os Bórgias") como o casal de criminosos em "Bonnie & Clyde", exibida em fevereiro, e anuncia novas ficções: a bíblica "Barrabás", que estreia em abril, e "Houdini", com Adrien Brody no papel do ilusionista, para o segundo semestre.
"O foco da Discovery é a relação do homem com a natureza. Mas com a não ficção estávamos restritos a só mostrar o presente", diz Dolores Gavin, uma das produtoras-executivas de "Klondike".
"Não tomamos essa decisão por causa do sucesso de outras séries de TV, como 'Breaking Bad' ou 'Game of Thrones', mas elas deram suporte à nossa crença de que a audiência viria atrás de boas histórias", continua Gavin.
O canal não divulga o quanto investiu na produção, mas chamou Ridley Scott para ser um de seus produtores executivos, escalou no elenco Richard Madden (o Robb Stark, de "Game of Thrones), Abbie Cornish (do novo "RoboCop"), além de Tim Roth e Sam Shepard.
Para Marcello Braga, diretor de conteúdo do Nat Geo, não há esgotamento na fórmula dos tradicionais programas documentais.
"O que há é um teto de audiência", diz. "Existe um número de pessoas dispostas a ver aquele tipo de programa e um número de horas que elas gastam vendo aquilo."
Miguel Brailovsky, vice-presidente do History Channel, afirma que o sucesso de reality shows como "Trato Feito" no canal impulsionou o investimento em ficção.
"Eles também não pertenciam ao gênero que identificava o History, mas impulsionaram a audiência", afirma. "Com a ficção, a aposta é similar."
Segundo ele, a minissérie "Bonnie & Clyde" atingiu até mais do que o dobro da audiência no horário.
AVALANCHE REAL
No caso de "Klondike", foi o próprio Ridley Scott quem achou a matéria-prima: o livro "Gold Diggers" (mineradores de ouro), da canadense Charlotte Gray.
Richard Madden interpreta um Bill Haskell, um nova-iorquino que deixa tudo para trás e parte com o amigo Byron (Augustus Prew) em busca de ouro. No caminho, eles enfrentam corredeiras, lobos e os próprios gângsteres locais.
"Tudo ali era questão de vida ou morte", resume Madden sobre a história. "Se você não achasse ouro, não teria dinheiro para conseguir comida. Morreria de fome ou de frio."
A minissérie foi filmada no Canadá. Para dar realismo a uma das cenas mais importantes, a da avalanche, a produção dispensou a recriação por computador, a não ser nos closes.
"Primeiro filmamos os atores correndo e caindo, como se atingidos pela neve", explica do diretor, Simon Cellan Jones. "Depois, tiramos eles dali, usamos explosivos no alto da montanha e combinamos os takes."
O jornalista GUILHERME GENESTRETI viajou a convite do Discovery Channel
NA TV
KLONDIKE
Estreia da minissérie
QUANDO hoje, 23h10, no Discovery
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
Livraria da Folha
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