São Paulo Fashion Week começa amanhã com pouca roupa
O verão vai virar alto verão e o inverno vai virar... nada.
A profecia de Paulo Borges, criador da São Paulo Fashion Week e do Fashion Rio e articulador do "calendário oficial da moda brasileira", será concretizada a partir deste ano: os cariocas não terão mais semana de desfiles na temporada do frio.
A divisão de coleções em duas temporadas anuais, segundo ele, datou. "A sazonalidade primavera-verão e outono-inverno não cabe mais", diz em entrevista à Folha.
Divulgação | ||
A cearense Liana Thomaz mistura estéticas náutica e esportiva e cria escamas de peixe em neoprene. Um time de tops mantido em segredo, como é a praxe, desfilará os maiôse biquínis da grife |
A semana de moda paulistana para o verão 2015 começa amanhã, no parque Candido Portinari (anexo ao Villa-Lobos), em meio a prognósticos sobre o fim da moda nacional e a problemas com movimentos negros, que reclamam da predominância de brancos na passarela.
O evento abrigará 33 apresentações até sexta e pretende discutir as relações entre moda e arte. Para isso, uma exposição com curadoria do fotógrafo Eder Chiodetto foi montada em um dos espaços onde acontecem os desfiles.
Num momento em que as grifes reavaliam a importância dos desfiles para seus negócios, a Osklen fará uma pequena apresentação na temporada paulistana. A marca prepara um desfile maior para a semana carioca de moda, em abril, quando lançará sua linha de praia.
Uma das coleções mais aguardadas é a de Ronaldo Fraga, eleito um dos sete estilistas mais inovadores do mundo pelo Design Museum, de Londres.
A instituição expõe uma peça de sua coleção "Carneseca", de 2013, com looks criados pela italiana Miuccia Prada, o americano Rick Owens e o belga Raf Simons.
No time de tops, os destaques são as brasileiras Gisele Bündchen (que desfilará para a Colcci) e Laís Ribeiro (Animale) e a sul-africana Candice Swanepoel (Forum).
Laís Ribeiro representa a minoria negra na passarela paulistana. Um "termo de ajustamento de conduta" firmado em 2009 entre o evento e o Ministério Público definiu que a organização deveria recomendar às marcas a contratação de ao menos 10% de modelos afrodescendentes, o que aconteceu.
Mas o acordo caducou em 2011 e as grifes recuaram. "Não posso obrigar ninguém a colocar negros. Seria preconceituoso e juridicamente problemático", diz Borges.
O empresário também critica a presidente Dilma por "falta de apoio à indústria" e diz que "não dá para separar mocinho e bandido", ao comentar os últimos casos de trabalho análogo à escravidão na moda.
Divulgação | ||
Recém-eleito um dos estilistas mais inovadores do mundo pelo Design Museum, de Londres, o mineiro explora a estética do artista plástico Candido Portinari em sua coleção, com muitos tons de azul |
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade