Arcade Fire fecha Lollapalooza com mistura de carnaval e ópera indie
Nove anos depois de vir ao Brasil pela primeira vez, no papel de coadjuvante dos Strokes no extinto Tim Festival e com apenas um único disco a mostrar daquela vez, a banda canadense Arcade Fire volta no redentor papel de atração principal do encerramento do festival Lollapalooza, com um público todo em elevado grau de entrega, envolvido pelos hits e pelas músicas novas de seu álbum recente, "Reflektor", seu quarto disco. E por várias referências brasileiras.
O que se insinuou um "carnaval de gringo" no começo, com o telão mostrando cenas carnavalescas do filme "Orfeu Negro" (produção ítalo-brasileira de 1959) momentos antes de a banda subir ao palco, virou mesmo uma ópera indie, com rebuscada sonoridade que vai do pop barroco francês à disco music promovida por 12 músicos no palco durante pouco mais de uma hora e meia de apresentação.
O show foi espetacular da primeira à 17ª canção tocada, da nova "Reflektor" à emocionante "Wake Up", do álbum de estreia, lá de 2004, com direito a citações cantadas de Tom Jobim e Caetano Veloso no setlist.
O vocalista, pianista e guitarrista Win Butler, regente dessa orquestra que um dia já foi underground mas agora tem um status muito maior, ofereceu a tocante "Suburbs" para São Paulo. Papel picado, um homem de espelho percorrendo a plateia, máscaras de papel machê. O carnaval da galera de Montreal fez muito sentido na terra do Carnaval.
A troca constante de instrumentos da enorme banda e a simbiose perfeita de Butler com sua mulher, Régine Chassagne, seja nos vocais fortes dele ou nas dancinhas dela, dão um equilíbrio empolgante ao show do Arcade Fire, o que faz os detratores chamarem de "Teatro Mágico do Canadá", mas os simpatizantes o proclamarem uma das melhores bandas ao vivo do mundo hoje.
Pelo visto no Lollapalooza neste domingo em São Paulo, a segunda opção é bem mais apropriada ao "conceito Arcade Fire".
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