Biografia sobre Vladimir Herzog ganha lançamento em Bienal de Brasília
Um dos casos mais marcantes na luta contra a ditadura militar, a morte do jornalista Vladimir Herzog, nos porões da repressão, até hoje comove milhares de brasileiros. Torturado e assassinado pelo regime, sua história já foi contada em inúmeros livros.
Vencedor do prêmio Jabuti na categoria biografia e 2013, "As Duas Guerras de Vlado Herzog - Da Perseguição Nazista na Europa à Morte sob Tortura no Brasil", lançado neste sábado (19) na 2ª Bienal do Livro e da Literatura, em Brasília, é mais um olhar sobre essa tragédia.
O novo registro é de quem viveu de perto estes momentos de agonia e tristeza. Na época, o autor Audálio Dantas era presidente do sindicato dos jornalistas e um dos líderes do movimento de resistência democrática.
"Quando ele foi assassinado, só 'O Globo' deu uma reportagem e falando sobre a morte de um opositor do regime", lembrou o autor, no debate O Caso Vlado e As Relações da Imprensa com a Ditadura.
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Vladimir Herzog em 1975, ano em que morreu no DOI-Codi |
"De qualquer forma, o caso teve repercussão entre seus pares e a sociedade brasileira, dando origem ao primeiro movimento de massa após o AI-5 de 1968, o início do fim da censura na imprensa brasileira", destacou.
Testemunha ocular da comoção que o crime resultou, Dantas lembrou a grande concentração realizada na Catedral Metropolitana de São Paulo, na Praça da Sé, e que a "Folha de S.Paulo" foi o primeiro grande jornal a apoiar o feito, por meio de um editorial.
"Foram mais de 8.000 pessoas, mas só cabiam 2.000 na igreja, 6.000 assistiram ao ato ecumênico de fora, com a presença silenciosa de dom Hélder Câmara", detalhou.
"Esse editorial promoveu o primeiro momento de retirada da censura", contou.
Uma das primeiras convidadas a participar da Bienal para lançar o "Almanaque 1964", a jornalista Ana Maria Bahiana, falou à Folha, dos tempos em que trabalhou com Vladimir Herzog na revista "Visão".
Bastante emocionada, ela detalhou o último encontro que teve com o chefe e amigo, um dia antes de sua morte.
"Ele tinha vindo à sucursal da revista no Rio para uma reunião e a gente foi levá-lo no aeroporto. E nunca mais vi ele", disse, com olhos marejados.
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