Crítica: 'As The Palaces Burn' nem é um musical nem filme de tribunal
Documentários sobre bandas de heavy metal costumam ser interessantes devido à obsessão dos fãs e às histórias de devoção que o gênero inspira.
Mais que música, o heavy metal parece ser estilo de vida, reunindo jovens que se identificam com o lado agressivo, niilista e antissocial.
"As The Palaces Burn", de Don Argott, começa como um típico documentário de metal: o diretor acompanha a banda norte-americana Lamb of God enquanto ela se torna uma potência do gênero.
Divulgação | ||
Fãs assistem a apresentação da banda Lamb of God, em cena do documentário 'As the Palaces Burn' |
O filme foi produzido pela gravadora e pelo agente da banda, o que garante uma abordagem totalmente favorável e elogiosa ao grupo.
Na Colômbia, Argott entrevista um fã que mora em um bairro decrépito de Medellín.
Numa casa humilde, o rapaz mostra sua coleção de fitas cassete do grupo -ele não tem dinheiro para comprar CDs- e fala de como a música do Lamb of God o ajuda a superar a dor de ter vários amigos e parentes mortos em guerras de traficantes.
Na Índia, uma fã, cantora de um grupo de heavy metal, conta como as letras dos norte-americanos a inspiram a superar o machismo local.
São histórias bonitas e emocionantes. As imagens de concertos em várias partes do mundo mostram, pela enésima vez, como os fãs de metal são obsessivos e apaixonados.
Mas um acontecimento inesperado muda a direção do filme: numa escala em Praga, na República Tcheca, o cantor Randy Blythe é preso, sob acusação de ter causado a morte de um fã, dois anos antes. Autoridades locais dizem que Blythe empurrou o rapaz do palco, e este teria batido com a cabeça no chão e, horas depois, morrido.
O que era um documentário sobre a vida na estrada vira um filme de tribunal, com direito a entrevistas com advogados, reconstituições e depoimentos emocionados.
No fim, "As The Palaces Burn" não é nem uma coisa nem outra: como documento da trajetória do Lamb of God e da adoração de seus fãs, fica aquém de vários outros filmes do mesmo tipo; como drama de tribunal, fica devendo em emoção e suspense.
AS THE PALACES BURN
ONDE Cine Olido (hoje, às 17h, e 6/5, às 19h; av. São João, 473; R$ 1) e Centro Cultural São Paulo (7/5, às 20h; r. Vergueiro, 1.000; R$ 1)
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