Filme dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne é aclamado em Cannes
Os belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne confirmaram a fama de queridinhos de Cannes. O novo filme dos irmãos, "Deux Jours, Une Nuit", com a francesa Marion Cotillard ("O Cavaleiro das Trevas Ressurge"), foi aclamado na primeira exibição para a imprensa mundial, nesta terça-feira (20).
O drama foi aplaudido diversas vezes durante os créditos de encerramento e entrou na pequena lista de favoritos à Palma de Ouro —junto ao turco "Winter Sleep" e ao japonês "Still the Water". Ironicamente, pode ser que a força dos Dardenne seja o obstáculo pelo prêmio principal, já que a dupla já arrebatou duas Palmas de Ouro (por "Rosetta" e "A Criança"), um prêmio de roteiro ("O Silêncio de Lorna") e um Gran Prix ("O Garoto de Bicicleta").
Assim como em suas obras passadas, os Dardenne utilizam seu estilo documental que tanto influencia o cinema atual para analisar diversas camadas da sociedade europeia. Dessa vez, Marion some no papel de uma mulher depressiva que precisa passar "dois dias e uma noite" (um fim de semana, mas imagina-se que seria alegre demais para os belgas) caçando colegas de trabalho para pedir votos: eles precisam decidir se ficam com um bônus de 1.000 euros (R$ 3.029) ou se aceitam a reintegração da mulher na empresa.
Não há uma atitude maniqueísta em relação aos personagens que irão votar contra ou a favor da demissão. Uns querem o dinheiro para pagar os estudos dos filhos, outros para reconstruir a vida com o novo companheiro e há quem deseje apenas um novo jardim.
É um roteiro simplista, até mesmo para os minimalistas cineastas. Há um eurocentrismo dramático que bate em sentimento de culpa inconsciente (quase todos os votantes chamam a mulher depois de afirmarem suas posições) e na crise financeira do continente —uma crise que os países emergentes conhecem com mais crueldade há anos.
Mas isso dificilmente dificultará a vida dos irmãos no sábado (24), quando os prêmios serão divulgados pelo júri liderado pela neozelandesa Jane Campion. Marion Cotillard é uma favorita óbvia, não apenas pela imersão no papel, mas também por ser francesa —algo que nunca prejudica.
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