Escritor James Joyce tinha sífilis, segundo novo estudo
O escritor irlandês James Joyce (1882-1941) sofria de sífilis, segundo uma recente pesquisa feita por um acadêmico de Harvard, para quem a descoberta pode mudar a percepção sobre muitos escritos deixados pelo autor.
Em seu novo livro, "The Most Dangerous Book: The Battle for James Joyce's Ulysses" (o livro mais perigoso: a batalha de 'Ulisses' de James Joyce), o conferencista de história e literatura da Universidade de Harvard, Kevin Birmingham, diz que Joyce estava ficando cego devido à doença.
"Seu ataques nos olhos eram recorrentes, pois a sífilis avança em ondas de crescimento das bactérias e provoca dormência", explicou o acadêmico ao jornal "The Guardian".
A sífilis incapacitou o braço direito do escritor em 1907, fazia Joyce desmaiar constantemente, e provocava insônia e colapsos nervosos, sintomas que foram descritos pelo autor em cartas.
Rumores de que Joyce tinha a doença já circularam durante sua vida. Em 1995, o trabalho "James Joyce and the Burden of Disease", de Kathleen Ferris, sugeriu novamente a enfermidade, mas foi ridicularizado por outros acadêmicos e médicos.
Birmingham então compilou todas as referências a sintomas e tratamentos do irlandês. Segundo ele, uma em particular chamou sua atenção: referências em duas cartas de 1928 de que Joyce estava tomando injeções de arsênico e fósforo. A combinação era usada em um remédio para tratar a sífilis na época (hoje ela é tratada com penicilina).
"Acrescente-se ao tratamento de Joyce (e sua queda por prostitutas) o fato de que a sífilis é virtualmente a única explicação razoável para as décadas de sintomas apresentados por Joyce, e me parece bem difícil de refutar", disse o acadêmico ao "Guardian".
A doença é um elemento recorrente em obras de Joyce, aparecendo no conto "As Irmãs" e também em sua maior obra, "Ulisses".
"Sem o diagnóstico, as cartas de Joyce fazem ele parecer um hipocondríaco resmungão ou simplesmente alguém que não é particularmente saudável. A verdade é que ele estava seriamente com dor", diz Birmingham, para quem a descoberta permite uma visão bem diferente da obra deixada pelo escritor. "O abismo entre sua aflição particular e sua vida pública ajudou a formar o jeito como ele escreveu".
A pesquisa de Birmingham será lançada em 16 de junho, data que marca o dia no qual o protagonista da obra "Ulisses", Leopold Bloom, vagou pelas ruas de Dublin.
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