Autoridades confirmam que Matisse do 'tesouro' nazista foi saqueado
Um quadro do pintor francês Henri Matisse (1869-1954), que estava entre as cerca de 1.400 obras encontradas em 2012 na casa de um austríaco, foi saqueado durante o regime nazista na Alemanha. A pintura foi a primeira da coleção a ser confirmada como fruto de roubo.
As autoridades da Bavária encontraram as obras em fevereiro de 2012 na casa do colecionador Cornelius Gurlitt, morto em maio deste ano aos 81 anos. Ele era filho do marchand Hildebrand Gurlitt, responsável, no regime de Hitler, por recolher obras consideradas degeneradas de famílias judias.
O caso veio à tona apenas no fim de 2013, quando revelado pela revista alemã "Focus". Alguns meses depois, outras 60 obras foram encontradas na casa de Gurlitt na Áustria. Entre elas, pinturas de Renoir (1841-1919), Picasso (1881-1973) e Chagall (1887-1985).
Michael Dalder/Reuters | ||
Obra 'Femme Assise', do pintor francês Henri Matisse, escondido por anos por Cornelius Gurlitt |
Segundo a força tarefa responsável por investigar a origem dos quadros, a pintura "Femme Assise", de Matisse, pertence à família de um negociador de arte de Paris.
"Embora não possa ser documentado com absoluta certeza como o trabalho foi parar nas mãos de Gurlitt, a força tarefa concluiu que o quadro foi saqueado pelos nazistas e foi levado das mãos de seu dono por direito, Paul Rosenberg", disse o chefe da força, Ingeborg Bergreen-Merkel.
As autoridades disseram ainda que vão se certificar de que a obra volte às mãos dos descendentes de Rosenberg.
Gurlitt, que não tinha filhos, fez do museu de arte de Bern, na Suíça, o único herdeiro de sua coleção. O museu, porém, ainda não aceitou as obras por causa das polêmicas que circundam a coleção. O testamento foi feito algumas semanas antes de o alemão ser submetido a uma cirurgia no coração.
Antes de morrer, ele havia aceitado cooperar com as autoridades alemãs nas investigações sobre a origem dos quadros, e se comprometeu a devolver aqueles que fossem comprovados como saqueados. Pela lei alemã, Gurlitt não era obrigado a devolvê-los, uma vez que os saques aconteceram há mais de 30 anos.
Ainda falta investigar a origem de outras 1.280 obras da coleção.
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