Crítica: Moreno Veloso faz de show um ensaio aberto
Não fossem os refletores iluminando o palco, seria fácil esquecer que Moreno Veloso e sua banda estavam tocando em um teatro –e logo na estreia de um repertório.
Só tranquilidade em cena, entre amigos, o cantor e compositor apresentou "Coisa Boa", seu primeiro álbum solo de estúdio, no Sesc Pompeia, no último dia 26, com ingressos esgotados.
Nesta segunda (7) à noite, o show estreia para o público carioca no Theatro Net Rio.
Vanessa Ferreira/Divulgação | ||
Moreno Veloso e banda durante show no Sesc Pompeia, em São Paulo |
Como se estivesse na sala de casa, em clima de ensaio aberto, Moreno tocou acompanhado pelo produtor do disco, Pedro Sá (guitarra), por Bruno di Lullo (baixo) e Rafael Rocha (bateria e percussão). Da plateia, assistia Gal Costa, sua madrinha.
"Qual é a próxima mesmo?", "Agora é aquela difícil de tocar", "Quem dá o tom?" e outras frases comuns em ensaio marcaram as conversas de Moreno ao microfone.
Na execução, porém, as 11 faixas do disco novo saíram mostrando que o papo estava mais para charme.
Falante, o cantor, filho mais velho de Caetano Veloso, preocupa-se também em contar histórias por trás de algumas composições.
Depois de "Em Todo Lugar", por exemplo, ri e confessa: "Fiz essa música para uma prima, a Luiza Possi, mas nunca entreguei porque demorei quatro anos para terminar. Quando eu comecei, ela estava se separando. Nesse meio-tempo, ela até já casou de novo".
O repertório teve também as boas "Arrivederci", "Das Partes" e "Deusa do Amor" —todas do disco "Máquina de Escrever Música" (2000), lançado em parceria com Domenico Lancelotti e Kassin.
Para homenagear amigos, entraram também uma canção inédita que o gaúcho Nenung fez para a filha de Moreno e "Mambeado", do argentino Nacho Rodríguez, do grupo Onda Vaga. Esta ganhou versão mesclada com "Swing da Cor", axé famoso na voz de Daniela Mercury.
BRINQUEDOS
O álbum, no palco, ganha em nitidez em relação ao CD. Ao vivo, principalmente as canções com percussão feita no batucar de brinquedos crescem sonora e visualmente.
Na música-título, é difícil descolar os olhos do percussionista Rafael Rocha, na expectativa de ver qual brinquedo de seu arsenal ele fará soar. Sucedem-se rapidamente chocalhos e engenhocas mil que temperam a cantiga de ninar.
Também em matéria de instrumento inusitado, uma faca e um prato rendem um dos melhores momentos do show. Moreno deixa o violão e usa os dois para batucar e dançar no samba "Não Acorde o Neném". Na beira do palco, flutua e se diverte.
MORENO VELOSO
QUANDO nesta segunda (7), às 21h
ONDE Theatro Net Rio, r. Siqueira Campos, 143, 2º piso, Copacabana, Rio, tel. (21) 2147-8060
QUANTO de R$ 60 a R$ 80; à venda em ingressorapido.com.br
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ótimo
Livraria da Folha
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