Análise: Popular, Suassuna foi um dos maiores dramaturgos do país
Ariano Suassuna, embora sempre tenha sido reconhecido mais como dramaturgo, deixou de escrever regularmente para o palco no distante ano de 1962.
O auge de sua produção teatral, iniciada com o amigo Hermilo Borba Filho no Teatro do Estudante de Pernambuco, criado quando ambos ainda cursavam direito, havia durado uma década e meia.
Suassuna dedicou-se a partir daí a lecionar estética na Universidade Federal de Pernambuco, assumir cargos federais e estaduais de cultura durante o regime militar e escrever prosa.
Abriu duas exceções: em 1987, quando criou "As Conchambranças de Quaderna", e dez anos depois, quando publicou na Folha "A História de Amor de Romeu e Julieta".
Paulo Torma/Divulgação | ||
Atriz Claudia Missura na peça 'O Santo e a Porca', de Ariano Suassuna |
As duas peças foram encenadas logo depois de editadas. Suassuna sempre foi um autor teatral de grande aceitação popular.
Sua obra-prima, "Auto da Compadecida", de 1955, foi apresentada no Rio no Festival de Teatros Amadores do Brasil, em 1957, e tornou-o uma febre nacional.
No ano seguinte, os dois maiores atores brasileiros da época, Sérgio Cardoso e Cacilda Becker, produziram respectivamente "O Casamento Suspeitoso" e "O Santo e a Porca".
Entre as peças que estabeleceram Suassuna como um dos maiores dramaturgos brasileiros podem ser relacionadas também "Farsa da Boa Preguiça" e "A Pena e a Lei".
Como relatava o próprio autor, seus textos, entre outras fontes, adaptavam folhetos do romanceiro nordestino, de cordel, ao rigor da tradição teatral ibérica.
E quase sempre traziam uma ironia que é muito característica de Suassuna —e que foi marca também das "aulas-espetáculos" que ele apresentou ao longo das últimas duas décadas.
Conservador moral, política e esteticamente em boa parte da sua vida, chegando a atacar a "pederastia" no setor cultural, o dramaturgo criticou a tropicália nos anos 1970 e o mangue beat nos 1990.
Também vetou várias produções do diretor Antunes Filho a partir de obras suas, inclusive um "Auto da Compadecida" que seria musicado por Chico Buarque, em 1973.
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