Millôr não teve antecessor, nem sucessor, diz Cássio Loredano
Uma divertida conversa entre amigos iniciou a programação oficial da Flip desta sexta (1º). O jornalista Sérgio Augusto e os cartunistas Claudius e Cássio Loredano relembraram histórias saborosas de Millôr Fernandes, homenageado desta edição do evento. A mediação foi do jornalista Hugo Sukman.
"Minha relação com Millôr é antiga, começou antes mesmo de conhecê-lo. Na minha casa todos liam as revistas "Cruzeiro" e "Pif Paf". Os desenhos de Millôr foram um choque nos anos 1940, 1950. Era uma coisa inteiramente nova o que ele fazia", disse Claudius.
No final dos anos 1950, Claudius finalmente conheceu o grande ídolo na Redação da revista "O Cruzeiro", no Rio.
"Eu tinha uns 17 anos. Ficava observando os grandes trabalhando. Um dia o Péricles, que ilustrava a página do Millôr, disse que tinha um encontro e me ele me pediu para passar o nanquim no desenho já havia feito. Ficou horrível. Isso resultou numa briga entre o Millôr e o Péricles. A partir daí o Millôr começou a ilustrar a própria coluna. Fui o inventor do Millôr", recordou Claudius, provocando gargalhadas na plateia.
"Bom, é mentira, ele já desenhava antes disso, mas a história é boa", completou.
Sérgio Augusto também cresceu lendo Millôr. Ficaram íntimos durante o período do "Pasquim", principal jornal de humor do país, no começo dos anos 1970.
"Ele é impressionante. Perdeu os pais muito cedo, passou muitas dificuldades, se fez sozinho. Era a pessoas mais inteligente que conheci. E nem tinha curso superior. Engraçado que as outras duas pessoas mais inteligentes que conheci, Paulo Francis e Ivan Lessa, também não fizeram faculdade. Bom, não estou querendo estimular ninguém", brincou.
Sérgio Augusto e Loredano organizaram o livro "Millôr 100 + 100: Desenhos e Frases" (IMS, R$ 50), coletânea de máximas e ilustrações do artista.
"Não houve ninguém igual a ele. Não teve antecessor, nem sucessor", falou Loredano.
Os três destacaram a independência política e a liberdade com que Millôr criticava políticos e poderosos.
No final da palestra, Sérgio Augusto relembrou as célebres críticas que Millôr fez aos romances de José Sarney, então presidente do Brasil, nos anos 1980.
"Sobre o 'Brejal dos Guajas e Outras Histórias', ele escreveu: não se pode confiar o destinou do povo ao homem q escreveu isso."
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