Nova diretora criativa da Tiffany quer quebrar padrão da joalheria
"Eu sei o que os homens querem, mas eles sabem o que nós queremos?" Em pouco mais de meia hora de conversa numa galeria de arte em São Paulo, a nipo-inglesa Francesca Amfitheatrof deixa claro a que veio: quer mudar radicalmente o mundo da joalheria, que hoje, segundo ela, "é masculino demais".
Anunciada como a nova diretora criativa da grife americana Tiffany & Co., Amfitheatrof é a primeira mulher líder de uma das marcas da santíssima trindade da joalheria mundial, que inclui as francesas Cartier e Van Cleef & Arpels, ambas comandadas por designers homens.
As mudanças propostas por ela já começaram e devem mudar a forma com a qual os designers enxergam o valor das peças, geralmente calcado na exuberância das pedras preciosas.
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Francesca Amfitheatrof, nova diretora criativa da Tiffany |
Em suas primeiras coleções para a marca, como a T Collection, a ser lançada na próxima semana, Amfitheatrof quase não inclui gemas. Na linha anterior, Blue Book, usou diamantes pontuais nas peças cujos valores ultrapassavam os quatro dígitos.
"As pedras são importantes, mas sou uma 'metalista', me interesso muito mais por materiais como a prata e o ouro e como eles podem virar objetos de arte", diz.
MATEMÁTICA
Ela criou com sua nova equipe de artesãos uma técnica para produzir colares, anéis e pulseiras a partir de cálculos geométricos. Daí saíram correntes entrelaçadas e anéis que, em vez de formarem um círculo fechado, têm uma fenda no meio.
Para se ter uma ideia da força que Amfitheatrof tem, ao dizer à "Vogue" inglesa que pode mexer no padrão da caixa de presentes da Tiffany -de um azul piscina que é marca registrada da casa-, ela foi assunto de artigos que questionavam o futuro da empresa americana.
Pisar num território tão tradicional como o da joalheria não amedronta a designer, conhecida por sua amizade com artistas plásticos e galeristas pop britânicos, como Jay Jopling, fundador do White Cube e que colocou o nome da amiga em evidência.
"Vou transpor para as criações da Tiffany essa bagagem no mercado de arte, que, assim como o da joalheria, tem muito a ver com emoção", adianta Amfitheatrof.
Ela diz saber que muitos homens ainda compram joias como presentes para as mulheres. Mas seu objetivo é falar "às mulheres que consomem joias como uma extensão da própria personalidade", afirma.
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