Reese Witherspoon experimenta o 'lado selvagem' no festival de Toronto
No momento em que Reese Witherspoon arranca uma grande unha do dedo do pé ensanguentado na cena de abertura de seu novo filme, "Wild" (selvagem), fica claro que a atriz vencedora do Oscar tomou nova direção.
Pode ser o melhor movimento que ela fez nos últimos tempos, dando a Reese a chance de interpretar uma mulher crua e com raiva que se aventura pela selva por conta própria, para fazer uma coisa: salvar a si mesma. A história, real, é baseada no livro de memórias de Cheryl Strayed.
"Wild", do diretor Jean-Marc Vallee, exigiu que os espelhos no trailer de maquiagem fossem cobertos, para evitar que a atriz soubesse como estaria sua aparência sem a maquiagem.
"Foi duro, eu nunca me vi em um filme como esse antes", disse antes da exibição do longa no Festival Internacional de Cinema de Toronto, nesta segunda-feira (8). O evento, considerado um dos principais indicadores do Oscar, vai até o dia 14 de setembro no Canadá.
Em um ano com muitas figuras masculinas fortes e poucas femininas no festival, Reese pode receber grande parte do crédito por tornar possível o papel. Ela contatou Cheryl diretamente para comprar os direitos do filme depois de ler o livro, antes mesmo da publicação.
"Eu só sabia que seria um dos livros mais importantes da minha vida", disse a atriz e produtora de 38 anos.
Reese, que ganhou o Oscar de melhor atriz por seu papel em 2005 como June Carter em "Johnny e June", prometeu a Cheryl que faria o filme rapidamente e não o deixaria "definhar em Hollywood".
"Tudo o que ela disse sobre trabalhar no filme me emocionou até os ossos", comentou a escritora.
AUTODESTRUIÇÃO
Juntos elas alinharam uma equipe que causaria inveja de muitos para o projeto: Vallee, o diretor franco-canadense que tinha acabado de fazer o aclamado "Clube de Compras Dallas", e o roteirista britânico Nick Hornby. Ironicamente, os dois homens dizem ter aversão por caminhadas.
Grande parte do longa é dedicado a solidão da cansativa trilha Pacific Crest para o oeste, mas há também flashbacks da história que levou Cheryl até ali.
Ela perdeu sua mãe, interpretada por Laura Dern, por um câncer, traiu seu marido tendo relações sexuais com estranhos e passou a usar heroína.
Após se divorciar, saiu para a jornada para a qual estava despreparada: fica sem comida e água, perde as botas e é coberta por feridas. Entre sua bravura e a bondade de estranhos, aguenta 94 dias.
Depois de uma apresentação no Festival de Cinema de Telluride, no mês passado, o crítico do "New York Times" A. O. Scott a chamou a personagem de "uma heroína feminista empolgante e crível". Especialistas especularam que Reese poderia ganhar sua segunda indicação ao Oscar pela atuação.
E para aqueles que sugeriram que "Wild" é um "filme água com açúcar" ("chick flick"), Vallee respondeu na segunda-feira: "Filme água com açúcar, uma ova". O longa estreia dia 5 de dezembro nos cinemas americanos, e ainda não tem data prevista para chegar ao Brasil.
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