Escritores em Frankfurt apresentam propostas para a política internacional
Criar um Ministério da Paz, mudar as regras para a concessão de cidadania na Europa e garantir o socorro a refugiados que morrem na fuga para outros países.
Estas são algumas das sugestões apresentadas nesta sexta-feira (10) pelos 25 autores que se reuniram por três dias dentro da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, como parte do projeto Frankfurt Undercover.
O objetivo do grupo era elaborar novas ideias para a política que tornem multiculturalismo possível e possam combater o extremismo.
Janne Teller, escritora dinamarquesa que coordenou o projeto, disse durante a apresentação dos resultados que as ideias do grupo serão agora colocadas no papel.
O compêndio de sugestões será então disponibilizado gratuitamente para o público e distribuído para políticos.
"Políticos estão sempre tão ocupados pensando nas próximas eleições, mas quem sabe eles adotem algumas das nossas ideias", afirmou.
Teller explicou o motivo de reunir escritores para discutir política. "Falamos da experiência humana e buscamos compreender do que as pessoas realmente precisam. Isto é algo que não tem muito espaço no dia a dia da política", afirmou.
Entre os participantes estavam Oscar Guardiola-Riviera, autor de "What if Latin America ruled the world?" (E se a América Latina dominasse o mundo?), a escritora alemã de origem búlgara Tzveta Sofronieva e o ativista indonésio Afrizal Malna. Boa parte dos autores convidados para o debate são, eles mesmos, migrantes.
Confira as principais ideias do grupo expostas por Teller:
Ministério da Paz
"Deveríamos ter Ministérios da Paz, da mesma forma que temos Ministérios da Defesa. Para cada dólar gasto em defesa, um dólar deveria ser gasto pela paz".
Refugiados
"É absolutamente inaceitável que as pessoas que precisam fugir de seus países morram tentando chegar à Europa. Nunca podemos aceitar que isso aconteça."
Imigrantes
"A cidadania baseada na linha de sangue, como é a tradição europeia, e não no lugar de nascimento, exclui muita gente nascida na Europa. Precisamos da cidadania do solo, e não do sangue."
Escravidão
"Nunca tivemos tantos escravos no mundo —escravos sexuais, escravos na agricultura, e ainda todos aqueles que ganham salários miseráveis. Em 2014, há seres humanos sendo comercializados, algo que não podemos absolutamente aceitar."
Morte de Deus
"A ideia de que Deus está morto é um mito. Ele está mais vivo do que nunca e ocupa um grande espaço na vida das pessoas. Devemos respeitar o espaço da crença, não ridicularizar aqueles que creem."
Meio-ambiente
"O meio-ambiente não pode pertencer a corporações, ele deve ser sempre um patrimônio das pessoas e entendido como bem comum."
Pluralismo
"O pluralismo é o único caminho para a frente, é a base de uma sociedade estável. Viva e deixe viver. A Europa precisa aceitar que já é multicultural."
Envolvimento político
"Abandonar a política é a pior coisa que pode acontecer —algo, por exemplo, que os escritores fizeram na América Latina nos anos 70, 80 e 90. Quando os escritores retornarem para a política as coisas podem funcionar."
Democracia
"A democracia não é o único modelo de governo possível. Ela tem se mostrado bem menos democrática do que gostaríamos, já que muitas pessoas não votam e muitas eleições são compradas."
Livraria da Folha
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