Estudantes desaparecidos viram tema de encontro literário no México
A tragédia do desaparecimento de 43 estudantes, em Ayotzinapa, levou escritores que participam da Feira Internacional do Livro de Guadalajara (México) às ruas.
Desde o início desta 28ª edição do evento, na semana passada, manifestações envolvendo escritores pedem o esclarecimento do crime, do qual são acusados a polícia e o governo municipal de Iguala, no Estado de Guerrero.
"É importante que não fiquemos quietos dentro do evento, enquanto o resto do país grita", disse o escritor mexicano Paco Ignacio Taibo, enquanto abria espaço entre os soldados armados que fizeram um cerco das entradas da feira. "Há uma severa decomposição do Estado no México, hoje ser político é apenas uma maneira de ficar rico", completou o também mexicano Juan Villoro, que caminhou com os manifestantes.
Entre uma mesa e outra da programação, escuta-se o grito "Vivos os levaram, vivos os queremos", em protesto armado diariamente por estudantes que entram na feira, espalham-se entre os estandes e, ao escutar um apito, deitam-se no chão com a foto de um dos desaparecidos e contam até 43.
"Às vezes, protestar serve apenas como catarse de um grupo, noutras forma-se uma massa crítica que pode chegar a mudar algo, é o que parece estar acontecendo no México", afirmou o argentino Martín Caparrós.
Autora de um clássico sobre o massacre da praça de Tlatelolco, em 1968, a veterana Elena Poniatowska disse que a tragédia é "um retrocesso espantoso. Nunca mais achei que algo parecido com aquilo acontecesse no México. Faz pensar em Auschwitz, Birkenau e Treblinka [campos de concentração nazistas]."
Com a Argentina como país convidado neste ano, a FIL, maior evento literário da língua hispânica, reúne 500 escritores e 1.200 editoras.
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