Masp derruba paredes falsas e convida público para ver restauro das galerias
Uma sala vazia é uma das maiores obras já expostas no Masp. No subsolo do museu, as paredes falsas que cobriam a vista para o vale da avenida Nove de Julho vieram abaixo para revelar a luz do entorno.
Essa obra, no caso, é o prédio desenhado por Lina Bo Bardi na avenida Paulista, que começa a ser desnudado pela nova direção do museu.
Derrubar as paredes falsas, num gesto de "revelar a arquitetura", foi o primeiro ato simbólico do novo diretor artístico do Masp, Adriano Pedrosa. É também a grande atração de uma mostra que convida o público a testemunhar esse processo de expurgo com que o maior museu da América Latina tenta renascer.
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
Subsolo do Masp com escombros das antigas paredes falsas |
"Isso aqui estava tudo engessado, tinha virado uma estação de metrô", diz Pedrosa. "Mas agora vai ficar tudo transparente, do mesmo jeito que a gente quer que o Masp seja um lugar menos opaco, mais penetrável."
Pedrosa, que assumiu o cargo de curador em setembro, fala dos últimos 20 anos, em que o Masp foi perdendo a relevância num cenário artístico em mutação desenfreada.
Olhando para o passado para traçar o futuro do museu, ele já anunciou que trará de volta os famosos cavaletes de vidro de Bo Bardi, as estruturas –transparentes– que sustentavam as obras na galeria de pinturas do museu, dando a sensação de que os quadros flutuavam no ar.
"Ar", aliás, uma escultura dos anos 1970 em que Rubens Gerchman escreveu essa palavrinha com letras gigantescas, está exposta agora no primeiro andar do museu, que também foi esvaziado, em alusão a certo "arejamento" desses novos tempos.
Outras obras vão sendo mostradas ali seguindo um critério bastante flexível. "São coisas que estavam fora do radar, com algumas obras-primas", define Pedrosa. "É uma investigação do acervo."
Nesse esquema, estão agora no primeiro andar desde clássicos como o retrato "A Estudante", de Anita Malfatti, e "Rosa e Azul", de Renoir, a uma fotografia da famosa drag queen Salete Campari.
Enquanto o Masp vai sendo preparado para exibir suas coleções de moda e fotografia moderna no ano que vem, visitantes do museu poderão escolher num catálogo as peças que querem ver, como alguns dos quadros já expostos ali a pedido de um seguidor do museu no Instagram.
Pedrosa também adianta que o museu vai retomar a expografia pensada por Bo Bardi para sedes anteriores da instituição –a usada na rua Sete de Abril, no centro, voltará ao subsolo do prédio da Paulista e a criada para uma mostra do acervo na Faap, nos anos 1950, com finos painéis presos por cabos de aço, deve ocupar o primeiro andar.
No segundo andar, estará a galeria de pinturas com os célebres cavaletes de vidro aposentados nos anos 1990. "É uma maneira de expor as obras de forma radical, desvencilhada da natureza histórica de um museu tradicional", diz Pedrosa. "Não é mais aquilo de sala atrás de sala."
MASP EM PROCESSO
QUANDO de ter. a dom., das 10h às 18h; qui., das 10h às 20h
ONDE Masp, av. Paulista, 1.578, tel. (11) 3251-5644
QUANTO R$ 15, grátis às terças
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade